quarta-feira, 23 de junho de 2021

Radiação dos Celulares

 

Uso excessivo do telefone celular pode afetar a fertilidade masculina?

Revisão publicada em 2020 no Journal of Human Reproductive Sciences faz algumas recomendações para frear o contato contínuo com o celular, diminuindo riscos de infertilidade

celular x infertilidade masculina

São Paulo – 2021 - Alguns estudos já sentenciaram que andar com o celular no bolso, perto dos órgãos genitais, pode causar infertilidade masculina. Atualmente, há um aumento no uso de telefones celulares, laptops e tecnologias de internet sem fio, como Wi-Fi e roteadores, modems 5G em todo o mundo. Um estudo publicado no ano passado no Journal of Human Reproductive Sciences, por meio de uma revisão, questionou justamente se o uso do celular estaria relacionado com a infertilidade masculina. “Com base nos resultados de estudos em humanos e animais examinados nesta revisão, espermatozoides animais e humanos expostos à radiação eletromagnética emitida por telefones celulares tiveram motilidade reduzida, anomalias estruturais e aumento do estresse oxidativo devido à produção de espécies reativas de oxigênio. A hipertermia escrotal e o aumento do estresse oxidativo podem ser os principais mecanismos pelos quais a radiação afeta a fertilidade masculina. No entanto, esses efeitos negativos parecem estar associados à duração do uso do telefone celular”, explica o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo.


            De acordo com o estudo, houve uma diminuição estatisticamente significativa nos valores laboratoriais da contagem média de espermatozoides, morfologia, motilidade e qualidade/viabilidade, entre quatro grupos diferentes de usuários de telefones celulares, expostos à radiação eletromagnética de telefones celulares diariamente. “Essa radiação induziu um efeito genotóxico significativo nos espermatozoides. Amostras de esperma normais expostas a um laptop conectado a Wi-Fi por 4h exibiram uma redução significativa na motilidade espermática e um aumento na desintegração do DNA do esperma”, explica o médico.

            Para a revisão, foram considerados estudos relacionados que relataram os efeitos da radiação dos celulares na fertilidade masculina de 2003 a 2020. Foi utilizado o banco de dados PubMed.

            Segundo o estudo, as evidências sobre os efeitos nocivos da radiação dos celulares na fecundidade masculina ainda são ambíguas e os efeitos biológicos da emissão desses dispositivos no sistema reprodutor humano não estão totalmente determinados, porque a maioria dos estudos realizados foi conduzido principalmente em ratos. De qualquer forma, o estudo conclui que a exposição prolongada e contínua pode ser maléfica, enumerando alguns cuidados para evitar problemas. “É interessante limitar sua taxa de exposição a dispositivos emissores de radiofrequência eletromagnética, incluindo laptops, WiFi e estações base móveis. A fim de minimizar essa exposição, homens devem evitar manter seus telefones celulares dentro do bolso das calças por um longo período de tempo devido ao efeito térmico da radiação do telefone celular e proximidade dos testículos. De qualquer forma, como essa exposição produz oxidação celular, a dieta pode ser importante, principalmente consumindo mais alimentos antioxidantes, com micronutrientes e vitaminas como as C e E”, explica.

Por fim, o médico enfatiza que os homens que sofrem com a infertilidade procurem médicos especialistas para identificação de fatores de risco modificáveis do estilo de vida.

FONTE:

*DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana

 

Link: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7727890/

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