Literatura Atual





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HIPERTEXTO

Sobre comprar, acumular e abandonar livros

(via Stable Diffusion)

Mantemos relações bastantes distintas com livros.

Alguns conservam grandes acervos de itens lidos e/ou não lidos. Outros compram apenas o que leem, então repassam. Alguns preferem a praticidade e a versatilidade da leitura digital. Outros – os mais cafonas em um mundo já dominado pela breguice – compram livros apenas para decoração. Essas estratégias não são autoexcludentes, muito menos definitivas para toda uma vida.

Da mesma forma, a leitura em si é um ato cuja ordem proporciona múltiplas decisões. Isto é, alguns mantêm listas fechadas para os próximos 76 anos; outros são mais espontâneos; alguns caçam por métodos próprios, outros confiam em recomendações de confiança.

Por fim, outra grande variável no que tange à leitura é o abandono dos livros. Podemos demonstrar graus muito variados de resistência, a depender da nossa expectativa, do desprazer e do orgulho envolvido¹.

Com isso em mente, vamos partir de três perguntas:

  • Qual é a sua lógica para comprar livros? (Aliás, físicos ou digitais?)

  • Você tem uma ordem de leitura predefinida? (O que te faz furar a fila?)

  • Quão persistente você é diante de um livro que não te agrada? (O que te leva a abandonar um livro?)

Nesta Enclave, tentaremos dissertar sobre alguns métodos e lógicas pessoais, apenas pela diversão do relato. Para tanto, contamos com o auxílio de dois grandes colaboradores do RelevO: Marceli M. (Burocrata Carimbos) e Bolívar Escobar (Cartas do Bolívar). Escolhemos esses dois indivíduos porque, além de leitores experientes e indivíduos atentos ao mercado editorial, porque… porque… bom, porque a essa altura eles são nossos únicos amigos…

Sobre (anti)bibliotecas

Aqui, vamos partir de um trecho de Nassim Taleb, em referência a Umberto Eco, n’A Lógica do Cisne Negro (2007):

O escritor Umberto Eco pertence àquela classe restrita de acadêmicos que são enciclopédicos, perceptivos e nada entediantes. Ele é dono de uma vasta biblioteca pessoal (que contém cerca de 30 mil livros) e divide os visitantes em duas categorias: os que reagem com: “Uau! Signore professore dottore Eco, que biblioteca o senhor tem! Quantos desses livros o senhor já leu?”, e os outros — uma minoria muito pequena — que entendem que uma biblioteca particular não é um apêndice para elevar o próprio ego, e sim uma ferramenta de pesquisa. Livros lidos são muito menos valiosos que os não lidos. A biblioteca deve conter tanto das coisas que você não sabe quanto seus recursos financeiros, taxas hipotecárias e o atualmente restrito mercado de imóveis lhe permitam colocar nela. Você acumulará mais conhecimento e mais livros à medida que for envelhecendo, e o número crescente de livros não lidos nas prateleiras olhará para você ameaçadoramente. Na verdade, quanto mais você souber, maiores serão as pilhas de livros não lidos. Vamos chamar essa coleção de livros não lidos de antibiblioteca.

Usamos o trecho em questão como ponto de partida porque obedecemos (isto é, este editor, especificamente, obedece) a uma lógica semelhante. Afinal, não consigo atender à ideia de comprar apenas o que tenho certeza de que lerei – ou ao menos no curto e médio prazos.

Inclusive, isso tende a trazer problemas, uma vez que podemos entender o ato de comprar livros como estressante a partir de dois (ou três) vieses:

  1. Financeiro: bom, comprar – livros ou qualquer outra coisa – custa dinheiro. Se seu dinheiro é finito, como acreditamos que seja, é preciso fazer escolhas.

  2. Espacial: livros demandam capacidade de armazenamento e, a partir do momento que você não a tem, qualquer aquisição se torna estressante. Se seu espaço também é finito, como também acreditamos que seja, é preciso fazer mais escolhas.

  3. Metafísico (bônus!): se você compra um livro e não o lê, sua consciência pode arder ao cruzar o olhar com uma lombada nunca aberta, um plástico nunca removido, e assim por diante. Pode haver um rebote dos outros dois problemas: se não li, por que diabos gastei dinheiro e espaço?

Minha lógica de compra e acúmulo de livros é mais ou menos a seguinte: ajo ao mesmo tempo como um olheiro e diretor de clube de futebol, se livros fossem jogadores, se o tamanho do elenco não fosse um problema e, por fim, se jogadores não envelhecessem nem fossem únicos (isto é, se houvesse toda uma tiragem de Haalands no mundo e tanto o clube Eu como o clube Você pudéssemos ter um ou vários Haalands e Mbappés no elenco).

Essa explicação certamente não ajuda muito, a não ser uma óptica bastante específica e talvez deturpada de funcionamento de mundo. Mas o ponto é – não, pera lá, os pontos são:

  1. Expandir constantemente a lista de “livros de interesse”, isto é, aqueles que pretendo [acredito que vou] ler algum dia.

  2. Monitorar preços (listas em Amazon, Estante Virtual e sebos específicos, basicamente).

  3. Comprar diante de preços abaixo da média ou oportunidades raras (edições antigas que, se esgotarem, já era, ou ao menos vão encarecer a ponto de inviabilizar).

  4. Furar a fila diante de grandes descobertas ou urgências de interesse (“isso eu preciso ler agora”).

Em suma, se em algum momento sei (ou acredito com alguma convicção) que vou ler X, mas neste momento X se encontra em um ótimo preço (ou parece realmente próximo de esgotar, afinal a quantidade de Haalands, mesmo maior que no futebol, ainda é finita), compro sem dó. Nem que leve anos para eu abri-lo – já passei da fase de dor na consciência. Aqui não tem metafísica alguma.

  • Um exemplo recente: comprei Heat 2, de Michael Mann e Meg Gardiner, continuação do filme que tanto adoro. Quando vou ler? Sei lá, mas o preço em algum momento diminuiu e sei que eventualmente vou ler.

  • Sob a mesma lógica, não hesitei nem por um segundo quando encontrei, ano passado, NA LIXEIRA DA GARAGEM, a coleção COMPLETA (50 volumes!), capa dura, de Imortais da Literatura Universal da Abril Cultural. Precisei reorganizar a estante, mas não tenho dúvidas de que valeu a pena. Se até o momento li 10% deles, pouco importa. A assimetria é muito favorável – trata-se de clássicos, afinal, então tenho o efeito Lindy a meu favor –, principalmente levando em conta o custo zero.

No lixo! No lixo!!!

Vejamos as constatações de nossos amigos:

Qual é a sua lógica para comprar livros? (Aliás, físicos ou digitais?)

Marceli: Em geral, vou pela autoria (quero ler alguém e aí procuro a obra que seja mais representativa) e, em alguns casos, pela editora (por exemplo, confio na linha editorial da Todavia porque costumo gostar de tudo que leio deles, aí compro mesmo que desconheça o autor); mas também acontece de seguir indicações de amigos (normalmente, as situações em que furo a fila, a depender de quão efusiva seja a recomendação ou de quanto eu confie na pessoa). É comum também ler o livro baixado no Kindle e mesmo assim querer ter a cópia física e comprá-la depois (também posso comprar um livro principalmente porque ele é bonito, ou tem uma capa bonita).

Bolívar: Acho importante diferenciar as motivações para comprar e para ler. O que mais me motiva a ler um livro é quando pessoas de grupos diferentes de amigos me recomendam o mesmo título. É quase um sistema: se um livro marca três pontos, então é porque preciso ler. Já para comprar, acho que a principal motivação é conhecer o(a) autor(a) e querer fortalecer a iniciativa. Ocasiões especialíssimas são os livros desses dois universos se encontrando.

(via Stable Diffusion)

Listas, ordem, progressão linear

Assim, adentramos em outro tópico: como organizar a ordem de leitura? Do lado de cá, essa lógica é bem mais variável, uma vez que está sempre sujeita a descobertas acidentais. É como jazz, exceto por não envolver técnica ou talento. Em cima de um tema, vario conforme acidentes do dia a dia (ter lido, escutado ou assistido alguma coisa que despertou interesse em outro assunto), então viro a chave completamente, num processo helicoidal que eventualmente volta ao ponto de onde partiu.

Isso acontece organicamente. Um exemplo real: entre idas e vindas, Hong Kong é por si só um tema de interesse. Procurei narrativas que se passam lá, vasculhei e comprei – gradativamente, não ao mesmo tempo – tantos livros relacionados. Li alguns, abandonei outros, não abri os demais. Recentemente, me interessei de novo pelo tema e comecei Tai-Pan (1967), de James Clavell (por sinal, fantástico). Daqui a pouco, naturalmente, por cansaço ou pelo despertar/relembrar de algum outro tópico, o interesse retorna para “Guerra Fria”, “detetives dos anos 1940”, “ficção científica”, “Brasil colonial” etc., e assim a roda vai girando.

Nesse aspecto, nossa lógica e a de nossos amigos parece convergir:

Você tem uma ordem de leitura predefinida? (O que te faz furar a fila?)

Marceli: Tenho sempre uma pilha de livros que pretendo ler, mas não tenho muito sistema com eles – pode acontecer de ele ficar ali na estante por anos e pegá-lo aleatoriamente pra ler (ou, menos aleatoriamente e mais por uma vibe inexplicável, tipo sentir que chegou a hora de ler tal coisa). Mas se tem um lançamento legal ou se eu comprei algo, é comum furar a fila e mesmo pausar algo que eu esteja lendo pra passar o outro na frente. Acho que, nos últimos anos, engajar num livro e não ter vontade de olhar o celular é tão raro que, quando acontece, eu me emociono muito e quero aproveitar a onda. E também rola de eu começar a ler algum autor e empolgar e emendar dois ou três outros livros dele.

Bolívar: A vida acadêmica faz a gente se embrenhar em leituras muito mais por obrigação do que por liberdade de escolha. Tenho uma lista ancestral de livros no GoodReads que gostaria de ler algum dia, mas que nunca volto pra consultar. No geral, o que acontece é receber alguma recomendação e já, sem pensar muito, começar a leitura. Tenho alguns autores de interesse também cujos livros vou deixando no radar para começar quando sobrar tempo. Ou quando a vergonha na cara atingir níveis muito altos. Em resumo, é um sistema bastante volátil, aleatório e pouco previsível.

Largar ou não?

Abandonar um livro traz uma culpa moral, uma sensação de farsa. A presunção “o problema só pode ser eu” banhada na estranha sacralidade da palavra escrita ou da consagração do(a) autor(a). Além da dúvida: se abandonei um livro de 500 páginas na centésima delas, posso dizer que eu o li? Vaidade de vaidades!²

Pois livros devem ser abandonados sem dó. O famoso “cagar ou sair da moita”. Não vale se arrastar. Nunca. Isto é, a partir de uma tentativa honesta – e apenas o leitor, em sua prática, saberá discernir o que é uma tentativa honesta. Só no segundo semestre, abandonei A Identidade Bourne (Robert Ludlum); Kowloon Tong (Paul Theroux); Da Rússia, Com Amor (Ian Fleming); e O Alfaiate do Panamá (John le Carré). Somente o último trouxe algum peso na consciência, por gostar do autor e por não ter considerado o romance propriamente ruim, apenas desinteressante para mim, no momento, diante de outro problema seríssimo, e na verdade ponto nevrálgico do abandono de livros: nosso tempo é escasso.

A vida é muito curta para não gostar dos livros que se lê, uma vez que há um universo gigantesco (na prática, infinito) de opções que nos tragam prazer (nem que um prazer desconfortável, angustiante, mas que, enfim, valide a atividade da leitura). Simplesmente não vale a pena. (Inclusive, se eu não tivesse decidido largar sem dó alguns dos romances mencionados, não teria iniciado Tai-Pan a tempo de levá-lo para uma viagem de 18 dias, o que literalmente faria minha vida pior).

Tenho certeza de que li Stanley Kubrick defender o abandono veloz de livros que não cativaram o leitor. Acredito com alguma convicção que essa fala consta no Conversas com Kubrick (que não abandonei), de Michel Ciment, mas, ironicamente, não o tenho em mãos, porque este ficou na casa dos meus pais desde que saí de lá, há uns bons anos, a fim de poupar espaço.³

Curiosamente, nossa amiga Marceli Burocrata não concorda com essa lógica: “nunca desgosto a ponto de querer abandonar de vez; sempre dou chance até o final mesmo que seja para falar mal depois”. Marceli está errada. Não se deve dar chances até o final: é preciso falar mal do livro antes. Inclusive, em alguns casos, antes mesmo de abrir! Quem dera eu nunca tivesse lido [dois terços de] Da Rússia, Com Amor

Já Bolívar, que abandonou Graça Infinita, afirma que precisa “começar a abandonar mais livros para ver se algum padrão pode ser detectado”, portanto sua resposta não ajudou em nada. Brincadeira. Ambas as respostas foram mais complexas que o recorte sujo da mídia enclávica:

Quão persistente você é diante de um livro que não te agrada? (O que te leva a abandonar um livro?)

Marceli: Em geral, é quando outro livro fura a fila mesmo; mas procuro voltar e terminar, não gosto muito de deixar livro abandonado (e acho que tem a questão também de eu sempre pegar livros que me interessam pra ler, aí nunca desgosto a ponto de querer abandonar de vez, sempre dou chance até o final mesmo que seja para falar mal depois).

Bolívar: Não sinto como se eu tivesse um “gatilho” ou coisa do tipo que me faça desistir de livros. Quando acontece é por uma convergência de motivos. Por exemplo, comecei a ler Graça Infinita, o tijolão do D.F.W. em 2015 e está lá parado na página 200 até hoje. A sensação foi que eu estava começando uma leitura para a qual não estava preparado. A mesma coisa com O Pêndulo de Foucault, do Eco. Teve outros casos, mas não lembro agora. Preciso começar a abandonar mais livros para ver se algum padrão pode ser detectado.

Essas foram as nossas considerações sobre comprar, acumular e abandonar livros. Entre galhofas e modelos mentais possivelmente replicáveis, também queremos saber a sua opinião, principalmente se você for um metódica compulsivo, uma acumuladora caótica ou um absoluto desapegado.

Retornamos em dezembro!

(via Stable Diffusion)

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BAÚ

Escopo aumentado para o exercício de seus dons

Não é surpresa que as pessoas vulneráveis […] não reconheçam o quanto pessoas estúpidas são perigosas. Essa falha é apenas uma expressão de sua vulnerabilidade. O fato realmente impressionante, entretanto, é que pessoas inteligentes e bandidos também costumam não reconhecer o poder de causar danos inerente à estupidez. É extremamente difícil explicar por que isso acontece, e é possível apenas observar que, quando confrontados com indivíduos estúpidos, pessoas inteligentes, assim como bandidos, costumam cometer o erro de se permitirem ter sentimentos de complacência e desdém, em vez de secretar quantidades adequadas de adrenalina e erguer defesas imediatamente.

Fica-se tentado a acreditar que um homem estúpido só vai causar mal a si mesmo, mas isso é confundir estupidez com vulnerabilidade. De vez em quando, alguém pode cair na tentação de se associar a um indivíduo estúpido para utilizá-lo em seus próprios esquemas. Tal manobra só pode ter efeitos desastrosos, porque a) ela se baseia em uma incompreensão absoluta da natureza essencial da estupidez e b) dá à pessoa estúpida um escopo aumentado para o exercício de seus dons. É possível ter esperanças de tirar proveito do estúpido, e, até certo ponto, é realmente possível fazer isso. Mas devido ao comportamento instável do estúpido, não se pode prever todas as suas ações e reações, e em pouco tempo a pessoa vai ser pulverizada pelos movimentos imprevisíveis do parceiro e estúpido.

Isso fica claramente resumido na Quarta Lei Fundamental, que afirma que:

“Pessoas não estúpidas sempre subestimam o poder de causar danos dos indivíduos estúpidos. Em particular, pessoas não estúpidas se esquecem constantemente de que em todo momento e lugar, e sob qualquer circunstância, lidar e/ou se associar com pessoas estúpidas resulta infalivelmente em um erro altamente custoso”.

Ao longo dos séculos e milênios, tanto na vida pública quanto na vida privada, inúmeros indivíduos deixaram de levar em conta a Quarta Lei Fundamental, e essa falha acarretou perdas incalculáveis para a humanidade.

Carlo M. Cipolla, As Leis Fundamentais da Estupidez Humana, 1976 (Ed. Planeta, 2020).

1

Sempre me pego pensando em como a literatura é uma arte ativa, ao contrário da televisão e do cinema (ou do rádio/podcast). É natural que ela nos exija mais, afinal o avanço da experiência depende do nosso envolvimento. Nas telas, podemos apenas sentar e esperar, em que pese o risco de dormir. Contraintuitivamente, nesse aspecto, a arte que mais se aproxima da literatura é o videogame (ou literatura ergódica).

2

E os direitos do leitor de Daniel Pennac?

3

E se eu estiver blefando??? Juro que não. Provavelmente não. Tanto faz também; Kubrick sequer é um argumento de autoridade neste caso, e sim uma curiosidade. (Tanto faz não, não estou inventando!) Enfim, também recebemos a orientação de abandonar livros nessa newsletter bastante decente para quem escreve.

 
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© 2023 Jornal RelevO
R. Marie Roxane Charvet, 283 - Fazenda Velha, Araucária-PR, 83705-074.
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Educação antirracista: estratégias para um ambiente escolar mais igualitário

Mestre em Educação, Francine Cruz propõe em livro arcabouço teórico aliado a atividades interdisciplinares para prevenir o racismo nas escolas

Pesquisadora das relações étnico-raciais há dez anos, autora de livros na área de Educação Física e doutoranda em Educação, Francine Cruz agora publica uma obra interdisciplinar para incentivar educadores a trabalharem por ambientes educacionais mais equitativos. Relações étnico-raciais na educação física escolar surge da vivência da também professora da educação básica, que não poucas vezes presenciou situações extremas de preconceito manifestadas no ambiente escolar.

O ensino da história e cultura afro-brasileira é obrigatório nas escolas do país, explica Francine, mas, ainda assim, muitos professores se sentem inseguros e despreparados para abordarem a temática. Para preencher esta lacuna, o livro chega para ser material de consulta, com conceitos teóricos e sugestões de práticas pedagógicas.

Licenciada em Educação Física, a autora divide a obra em duas partes. Enquanto na primeira revisita historicamente diversas abordagens de ensino e as mudanças teóricas ocorridas ao longo do tempo, na segunda apresenta propostas de atividades práticas que podem ser incorporadas às aulas de diversas disciplinas. Descreve mais de 20 jogos, brincadeiras, esportes, danças e lutas da cultura nacional com influência africana, para enriquecer as experiências dos estudantes na escola.

[...] com o jogo Matacuzana, o professor pode resgatar um pouco
da história de Moçambique, seus aspectos geográficos e as
similaridades dos jogos praticados no Brasil e na África. O Matacuzana
tem regras semelhantes ao jogo brasileiro conhecido como “bugalha”,
“pedrinhas”, “cinco marias”, “chincha” ou “saquinho” [...].
(Relações étnico-raciais na educação física escolar, págs. 84 e 85)

Organizadas de maneira eclética, as atividades têm o propósito de equilibrar vivências práticas e reflexões para que os professores atuem na inserção e mediação das discussões a respeito das relações étnico-raciais no cotidiano. “Acredito numa educação inclusiva e podemos mudar essa realidade; a filósofa Angela Davis já dizia que ‘numa sociedade racista não basta não ser racista, é preciso ser antirracista’”.

FICHA TÉCNICA

Título: Relações étnico-raciais na educação física escolar
Autora: Francine Cruz
Editora: Caravana
ISBN:
 978-655-06-1353-2
Páginas: 132
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 50,00
Onde comprar: Caravana Grupo Editorial

Sobre a autora: Natural de Curitiba (PR), Francine Cruz é escritora e professora, licenciada em Educação Física, mestre e doutoranda em Educação na Universidade Federal do Paraná (UFPR). É autora de nove livros entre romances, poesia e infantil, além de títulos técnicos, como Atividade Física para Idosos: Apontamentos Teóricos e Propostas de Atividades e Educação Física na Terceira Idade: Teoria e Prática.

Em 2012 recebeu o prêmio Agente Jovem de Cultura do Ministério da Cultura. Atualmente trabalha como técnica pedagógica de Educação Física no Departamento de Desenvolvimento Curricular da Secretaria de Educação do Paraná.

Redes sociais da autora: Instagram | Facebook
Site da autora: www.escritorafrancinecruz.com



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Flip 2023 e uma reflexão sobre o papel do escritor

*Lilian Cardoso

A Flip 2023 foi muito mais do que um festival literário convencional. Além das poesias, saraus, bate-papos e sessões de autógrafos que encantaram os amantes da literatura, a programação abordou temas cruciais para o mercado livreiro. Entre debates e reflexões, destaco minha primeira participação em mesas que exploraram o universo do marketing literário, um aspecto essencial para garantir que as obras alcancem seu público de maneira efetiva. Apesar de ser visto como um tabu para quem é da alta literatura, todos já sabem que, se não encararmos a divulgação dos livros como parte deste processo, a obra deixa de chegar às mãos do nosso principal convidado: o leitor.

Com a Casa Escreva, Garota lotada, participei da mesa "Personal Branding para Escritores: como encontrar sua voz literária", na qual dividi o palco com a escritora catarinense Marina Hadlich. Discutimos a importância dos autores desenvolverem identidade única, a "marca pessoal" que os diferencie no vasto cenário literário. Afinal, o livro não é apenas uma obra impressa; é uma voz que ecoará nos corações dos leitores. Marina é um grande exemplo de autora que faz o que chamo de “marketing do bem”. Seja na sessão de autógrafos ou andando pela feira, ela se orgulha em vender e falar de sua literatura, movimento que deixa os novos autores e autoras mais confiantes para levar a obra a mais pessoas.

Participar da programação da Casa PublishNews também foi uma experiência enriquecedora. Na mesa "Como fazer autores e livros se destacarem na multidão", tive a oportunidade de compartilhar insights ao lado de colegas do mercado que, assim como eu, se dedicam a espalhar literatura. No debate com Daniel Lameira, Vanessa Passos e mediação de Tatiany Leite, falamos das nossas experiências em defesa da promoção do livro ao entendê-lo também como um produto. Escritores e editores esperam resenhas e elogios, sim. Porém, mais do que isso, precisam de vendas, afinal, por trás da elaboração de uma obra, diversos profissionais estão envolvidos: revisor, designer, diagramador, tradutor, leitor crítico (sem contar com o custo de gráfica e logística). A conta precisa ser paga.

Neste encontro tive a oportunidade de abordar a importância de o autor estar em eventos literários, como a própria Flip e outras bienais. Abri o coração sobre o erro que cometi ao ficar por anos somente nos bastidores do mercado, e como trabalhar no meu próprio marketing pessoal me ajudou aumentar em 400% o faturamento da minha agência, que divulga em média 100 livros por mês de editoras e autores. Hoje todos nós precisamos divulgar mais o nosso trabalho se desejamos ser reconhecidos. É isso que fazemos há 14 anos para os clientes da LC e ensino também aos meus alunos. Os mercados fazem propaganda de seus produtos o tempo todo; por que não falar de nossos livros?! Precisamos furar esta bolha e, mais do que isso, desmistificar o marketing.

A reflexão que permeou todas as mesas em que participei é clara: não podemos pensar em obras sem considerar como vamos alcançar e formar novos leitores. O marketing não é apenas uma ferramenta, é a ponte que conecta a voz do autor ao coração do público. É preciso ensinar estes escritores a se conectarem de forma autêntica em cada interação e evento literário.

Em última análise, a Flip 2023 não apenas celebrou a literatura, mas, por meio da programação paralela, também proporcionou um espaço valioso para discutir os desafios e oportunidades do mercado literário contemporâneo. Participar dessas mesas e contribuir para o diálogo sobre marketing, branding pessoal e conexão autêntica com os leitores foi uma experiência enriquecedora que influenciará minha abordagem como autora e empresária do mercado do livro.

Daqui, sigo incentivando autores e editores a “abrirem o livro” para que suas obras cheguem a mais e mais leitores.


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Livro é presente de Natal para incentivar a empreender em 2024.


Quem gosta de gastronomia e quer ganhar um bom dinheiro em 2024 como empreendedora na área, pode investir no livro da Chef Gizelle Becker Furlan, especializada em terrines, uma iguaria que tem uma receita base única, mas leva um mix de coberturas que vão do salgado ao doce, com frutas e flores, que deixam o aperitivo perfeito - lindo e delicioso.


O legal é que essa entrada custa cerca de R$ 30,00 para a base da receita feita com cream cheese que pode ser vendida a partir de R$ 120,00. O que vai determinar o preço é a cobertura. Bom lucro e uma receita que permite variações das mais simples às mais sofisticadas. Os lucros podem passar dos 100% facilmente.


No livro “Terrines da Gi”, a Chef ensina 22 receitas criadas, testadas e fotografadas ao longo de cinco anos de aprimoramento do prato, com destaque para seis vídeos com o passo a passo para fazer a receita e como decorar.



Combinando sabores, nuances e texturas, Chef Gizelle vende terrines desde 2018 em Florianópolis e desenvolveu o livro para pessoas aprenderem e terem a oportunidade de empreender.


O livro é ótimo investimento, inclusive para presente de Natal para aquela pessoa que só precisa de um incentivo para começar um negócio em 2024.

Para adquirir um exemplar, acesse o site www.littera.com.br ou entre em contato pelo WhatsApp (48) 99980-9495. O formato ebook está à venda na Amazon.

 

“Terrines da Gi”

Chef Gizelle Becker Furlan

Editora – Letras Amigas | 80 Páginas

Vendas – www.littera.com.br ou WhatsApp (48) 99980-9495



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Quando a ciência encontra o amor: contos abrem debate sobre fertilização in vitro

Executivo da indústria farmacêutica, Augusto Maia ficcionaliza histórias reais para tratar sobre questões sociais, afetivas e filosóficas que envolvem a reprodução assistida

Os anos de experiência como executivo da indústria farmacêutica proporcionaram a Augusto Maia um contato mais próximo com histórias de pessoas que recorreram às técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro, para realizarem o sonho de ter um filho. Ele se inspirou nestes relatos para publicar Amor In Vitro, um livro ficcional que traz reflexões sociais, afetivas e filosóficas, sobre as possibilidades que o avanço da ciência no campo da medicina pode viabilizar.

Dividida em sete contos, a obra é uma forma de pensar sobre dilemas, conflitos e emoções relacionados à humanidade. Cada enredo apresenta elementos capazes de levantar discussões sobre a realidade: há o casal lésbico que enfrenta os preconceitos da família para seguir com o sonho de ter um filho; a mulher que não pode recorrer à reprodução assistida por falta de dinheiro; a médica que, mesmo depois de ajudar várias famílias a terem um bebê, pondera sobre a possibilidade de engravidar, entre outras narrativas.

Acho que a mulher é sempre tão cobrada por todos que, involuntariamente, passamos a cobrar demais de nós mesmas. Não ter um homem ao lado ou não ter sido mãe é uma espécie de fracasso, e é difícil saber qual dos dois pesa mais. Uma paciente me disse, uma vez, que era obrigação da mulher cumprir a sua profecia, a maternidade. De um homem, não se cobra nada disso, mas nós precisamos justificar por toda a vida. É um tipo de assédio sutil, disfarçado e gradual, que vai se enraizando na gente. (Amor in vitro, pg. 63)

Com ilustrações produzidas por Alexandra Seraphim e poemas que traduzem os sentimentos das personagens, o livro tem um objetivo principal: apresentar uma visão afetiva e reflexiva sobre a reprodução assistida. Mas os contos também são uma forma de todos os leitores se aprofundarem no assunto. Em várias páginas, Augusto Maia escreve notas informativas para contextualizar o público, com dados sobre infertilidade, taxa de fecundidade, implicações socioeconômicas e mais.

Na obra, o escritor também projeta algumas das histórias no futuro para imaginar os progressos da medicina e as transformações da sociedade. Ao trazer notícias reais acerca dos avanços científicos da fertilização in vitro, ele discute como a humanidade estará em algumas décadas a partir de uma perspectiva ética. Entre os questionamentos, pondera: provavelmente em um futuro próximo, a edição genética e o desenvolvimento de embriões em bolsa artificial serão técnicas disponíveis, mas quais serão as consequências dessas inovações?

“O tema da reprodução assistida provoca uma profunda análise existencial e remete à própria perpetuação da nossa espécie. É um lugar onde inevitavelmente encontramos a essência da nossa humanidade. Cada conto adiciona uma camada de compreensão sobre a reprodução assistida e permite uma leitura por diversas perspectivas de acordo com as questões que mais tocarem o leitor”, afirma o autor.

Ficha técnica
Título: Amor In Vitro
Autor: Augusto Maia
Editora: Poligrafia
ISBN: 978-85-67962-25-2
Páginas: 104
Preço: R$ 56 (físico) | R$ 36 (e-book)
Onde encontrar: Livraria da Travessa

Sobre o autor: Engenheiro de produção e administrador de empresas, Augusto Maia trabalha há mais de 25 anos na indústria farmacêutica. Mestre em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), é pesquisador de Humanidades, Narrativas e Humanização. Em 2022, publicou o livro “Responsabilidade Humanística - uma proposta para a agenda ESG”, além de ter artigos em revistas acadêmicas. Estreia na literatura de ficção com o livro de contos Amor in Vitro, inspirado em histórias reais sobre reprodução assistida.

Redes sociais: Instagram

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Tudo é possível por amor: autor transforma história real em fábula

Em um romance breve, cheio de simbolismos e reflexões sobre a vida, escritor retrata força feminina e valor da vida por meio de protagonista inspirada na própria esposa

O voo da raposa é uma fábula sobre amor, coragem e perseverança inspirada na história de Fabrizio Michels. Como uma forma de presentear e homenagear a esposa, ele transformou o romance do casal em uma ficção que atravessa temas como maternidade solo, importância de seguir os próprios sonhos, busca por felicidade no cotidiano e senso de pertencimento.

Na narrativa, a protagonista é a Raposa, uma mãe solteira que explora o território onde vive com o filhote, sempre à procura de segurança. Mas, mesmo na tentativa de proteger a família, precisa encarar mistérios e perigos ocultos. Essa realidade tão familiar muda quando ela conhece o Falcão e encontra uma pedra mágica. A partir disso, os dois vão enfrentar dilemas, sentimentos paradoxais e aventuras extraordinárias.

Com este enredo, o autor narra as próprias experiências pessoais desde o momento que conheceu a amada até os dias atuais. A Raposa é a esposa, capaz de tudo para defender o filho e que precisou sustentar sozinha, uma criança em meio aos desafios de uma sociedade machista; o Falcão é o escritor, alguém que, por sempre prezar pela liberdade, nunca firmou raízes em um único lugar, mas mudou de perspectiva ao conhecer a mulher.

— Mãe, você está diferente...
— Diferente como? — indagou ela.
— Ah, não sei! Seus olhos estão com um brilho estranho. Parece que você vai chorar, mas, ao mesmo tempo, sinto que você está tão feliz — tentou explicar.
E ele não poderia estar mais certo em sua observação.
A raposa disfarçou e continuou tranquilizando-o:
— Não é nada, não, estou muito feliz por estar aqui com você, só isso!
Não era só isso, era muito mais, era algo inexplicável e maravilhoso. Depois de tanto tempo, a raposa sentia-se viva, e aquilo mudava tudo.
(O voo da raposap. 59)

Com uma linguagem simples em uma história repleta de desafios e enigmas, o leitor acompanha esta saga sobre crescimento pessoal, valor das escolhas e necessidade de enfrentar os momentos difíceis. Além de abordar questões como maternidade, empoderamento e superação, Fabrizio Michels transmite a ideia de que a felicidade não está no futuro, mas no presente, apesar de todas as adversidades: basta se permitir senti-la.

FICHA TÉCNICA
Título: O voo da raposa
Autor: Fabrizio Michels
ISBN: 978-65-25-45738-3
Formato: 14 x 21 cm
Páginas: 172
Preço: R$ 57,90
Onde encontrar: Amazon | Viseu

Sobre o autor: Fabrizio Michels escreve histórias desde a infância. Nascido em 1973, em Uberlândia, Minas Gerais, o escritor viveu a maior parte da vida em Brasília. É formado em Publicidade e Propaganda, mas sempre foi apaixonado por ficção. Por isso, estudou animação e design na Austrália, onde residiu por oito anos, e se aventurou em outros tipos de arte, como criação de jogos, pintura e composição musical. O autor sempre explora a fantasia como uma maneira de transmitir ideias, mensagens e ensinamentos. O Voo da Raposa é seu primeiro livro.

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Paraná Paris

A jornalista paranaense  Bebel Ritzmann é empossada Grande Embaixadora da Divina Academia Francesa de Artes, Letras e Cultura

Foto  - Bebel Ritzmann com a vice-presidente da  Divina Academia,  Mara Catarina

Fotos: divulgação



A jornalista e escritora Bebel Ritzmann lançou dois livros em evento da Divina Academia Francesa de Artes, Letras e Cultura,  no Carrossel do Louvre, no Museu do Louvre, em Paris (França). 

São eles: “Páginas do Tempo”, coletânea de poesias bilingue (português e francês), e o segundo livro infantil “Bebel, a menina arteira”, ambos publicados pelo selo Livros Legais e ilustrados pela artista plástica Mercedes Ritzmann.

Ainda em Paris, a jornalista foi surpreendida com a indicação para se tornar Grande Embaixadora da Divina Academia Francesa de Artes, Letras e Cultura. A solenidade de gala aconteceu no Hotel George V. A honraria foi entregue pela vice-presidente da Divina Academia, Mara Catarina. 


+ Literatura Atual 

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Em quarto livro, poeta carioca Milena Martins Moura reflete sobre a relação do sagrado com o corpo e o desejo femininos

Consolidando sua trajetória literária, autora lança O Cordeiro e os Pecados Dividindo o Pão, pela editora Aboio

“A poesia de Milena se ri do pecado imputado. E multiplica e divide o pão.”

 Trecho da orelha de Anna Clara de Vitto

Em O Cordeiro e os Pecados Dividindo o Pão, o único milagre possível é o ato poético, como afirma Milena em “ofício das mortes”: “Eu estou escrevendo / Isso é um milagre”.”

Trecho do prefácio de Priscila Branco

Entre dor e afirmação vital, o livro caminha, assim, em direção a uma espécie de ‘experiência interior’, onde a transgressão só vale enquanto lampejo provisório de resposta, pois o que seria dela se eventualmente se transformasse na fixa e sólida lei?”

Trecho do posfácio de Paula Glenadel


O Cordeiro e os Pecados Dividindo o Pão, novo livro de poesia da escritora, tradutora, editora e pesquisadora Milena Martins Moura (@milena.martins.moura) ousa ao trazer o sagrado para o terreno humano do corpo e do desejo femininos. Publicado pela editora Aboio (112 p.), a obra conta com todos os paratextos assinados por poetas mulheres. A orelha é de Anna Clara de Vitto, coordenadora do Clube de Escrita para Mulheres, o prefácio é da editora e crítica literária Priscila Branco e o posfácio é de Paula Glenadel, escritora, tradutora e professora de literatura francesa da UFF.

 

Com coragem, a poeta aborda religião, erotismo, dessacralização do sagrado e as interdições relacionadas à liberdade feminina, em versos que trabalham a palavra como ferramenta de autonomia. Priscila Branco destaca, já nas primeiras linhas do prefácio, que essa coletânea de poemas é subversiva, já que apresenta uma completa inversão da tradição judaico-cristã, instaurada em nossa sociedade por milênios. E argumenta: “O próprio ato de escrita e, agora, de leitura deste livro é a luta contra o sacrifício. Que a poesia possa sempre dar voz ao cordeiro e aos pecados, e que todo leitor encontre um pedaço desse pão, mesmo que a coberta esteja molhada em dias frios.”

 

Também nesse sentido, Paula Glenadel apresenta, no posfácio, uma análise sobre a abordagem audaz de Milena nessa obra. Segundo ela, a fome e a sede são imagens que atravessam praticamente todos os poemas do livro. Para a professora, essas cenas se estruturam em duas amplas séries de substâncias, a do pão, do vinho ou da água; e a da carne e do sangue, diante das quais o sujeito se exercita na ocupação de lugares moventes. E essa transubstanciação, em suas palavras, “põe em evidência a inoperância da transferência sacrificial tradicional, incapaz de aplacar essa sede e, sobretudo, essa fome”.

 

Em O Cordeiro e os Pecados Dividindo o Pão, as mulheres existem como seres desejantes e é do desejo que o direito à subjetividade surge. Para a autora, trabalhar esse tema sob essa perspectiva era algo inescapável, além de um ato político em desejo de si e de outras: “Eu sou uma mulher que foi criada sob o tacão da culpa e que cansou de enxergar seu desejo como um erro e seu corpo como sujo.”

 

“Tentei fugir à exigência de que um sujeito neurodivergente só deva falar sobre seu transtorno”

 

Milena Martins Moura — diagnosticada como autista em nível 1 de suporte já adulta — compara seu processo de escrita e de estilo adotado no novo livro ao do anterior, A Orquestra dos Inocentes Condenados. “O Cordeiro teve uma clara intenção de abandonar o estilo aplicado no livro anterior, que se voltava sobre a solidão pandêmica de uma perspectiva do sujeito autista. Conscientemente ou não, busquei outra temática e outra forma poética, tentando fugir à exigência de que um sujeito neurodivergente só deva falar sobre seu transtorno”, frisa Milena. “Este é um livro que traz uma poética mais densa e obscura, com referências religiosas que remetem à criação católica que recebi e da qual me rebelei eventualmente. Uma poética que dessacraliza o sagrado, o traz para o terreno humano e lhe dá corpo e desejo. E que coloca também o corpo feminino como desejante.”

 

Sair do isolamento social, para Milena, foi também sair de um tipo de armadilha psíquica que a libertou para abraçar novos temas, imagens e formas. “O livro nasceu lento, mas muito coerente. A escrita deste livro foi justamente o que abriu meus olhos para como o erotismo escrito por mulheres tem se desenhado hoje, o que levou à minha pesquisa de doutorado sobre o tema”, aponta.


O corpo feminino como desejante: a poética de Milena Martins Moura

 

Milena Martins Moura nasceu no subúrbio do Rio de Janeiro em 1986. É poeta, editora, tradutora, mestre em Literatura Brasileira pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e doutoranda em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Publicou os livros Promessa Vazia (Multifoco, 2011), Os Oráculos dos meus Óculos (Multifoco, 2014) e A Orquestra dos Inocentes Condenados (Primata, 2021), além do plaquete digital de poesias Banquete dos Séculos (edição da autora, 2021). Também é editora da revista cassandra e da Macabéa Edições.

Suas principais referências literárias são Leila Miccolis, Viviane Mosé, Caio Fernando Abreu, Adélia Prado, Bruna Mitrano, Manoel de Barros, Sylvia Plath e Hozier (cujas letras, repletas de erotismo, considera poesias musicadas) Como lê muita coisa de variadas temáticas, a poeta considera que O Cordeiro e os Pecados Dividindo o Pão não sofreu influência direta de nenhum nome específico, mas esses interesses, desconexos entre si, acabaram fazendo parte do processo de escrita da obra de alguma forma.

 

Sobre projetos futuros, Milena diz que seu primeiro romance está previsto para 2024.

 

Confira o poema “evangelho segundo o pecador”:

 

me quero aberta em cálice e vinho e pão

fenda rasgada de ritos

 

hábito deitado à fogueira

onde abrasam as peles recém-expostas

 

a carne viva pulsa porque viva

porque crua porque fera e primeira mulher

serpente e desfrute

 

me quero imersa corpo inteiro no indevido

lambendo o caminho desviado

com a mesma língua

dos cânticos

 

o sacro e o santo

molhados da espera

com a sede dos abstêmios

e dos crédulos em desgraça

 

e eu graal sacrílego

estou nua e disso não me envergonho

 

Adquira O Cordeiro e os Pecados Dividindo o Pão via site da editora Aboio:

https://aboio.com.br/produto/o-cordeiro-milena-martins-moura/





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 Um autor, cinco quadrinistas: HQ une diferentes traços e narrativas para pensar sobre arte e sociedade

Após 40 anos, o desenhista e roteirista Hermes Ursini retoma o contato com o universo dos quadrinhos por meio de "Bando", um livro experimental sobre o trabalho dos artistas

O desenhista, roteirista e designer gráfico Hermes Ursini explora os limites entre ficção e realidade em Bando, livro que marca o retorno do ilustrador ao mundo das histórias em quadrinhos. Nesta HQ, ele utiliza diferentes traços, técnicas e gêneros literários para refletir sobre as implicações do fazer artístico em uma sociedade capitalista, o papel destes profissionais na contemporaneidade e a importância de pensar sobre arte em um mundo cada vez mais automatizado.

Para isso, ele conta a trajetória do roteirista Onetti, que, ao retornar para o Brasil, descobre uma gaveta repleta de obras de autores anônimos. Quando percebe a importância destes trabalhos, envolve-se em uma fabulação pessoal em que situações e figuras históricas da HQ europeia, como Dionnet e Gir, o inspiram a procurar o Oriente em São Paulo, mais especificamente o bairro da Liberdade. Na região, encontra-se com o editor Shiro Tahashi. Juntos, os dois descobrem que precisam criar um mundo de ficção para desenvolver um único projeto editorial.

Assim, os leitores são apresentados a enredos e biografias dos artistas: Felipe Layer, Darta, Bob Bear e Sherman. Todos eles são personas distintas dentro de Onetti, um personagem fictício inspirado no próprio Hermes Ursini. Com esta liberdade para criar narrativas e usar recursos variados, o autor envereda não apenas pelas complexidades do processo artístico, mas por temas que se conectam à realidade de todos quando desenha, por exemplo, personagens de diferentes classes sociais em relações conflituosas com o trabalho.

Só muito tempo depois chega a hora dos trabalhadores intelectuais. Esses desabam lentamente. Uma barriga aqui, um diabetes ali, uma gastrite, uma úlcera, e assim vão saindo de cena devagar. E o que farão com o enorme hiato de tempo entre seu fim tardio e o precoce acaso dos burros de carga? Vão escrever e desenhar, atormentados por terem sido premiados pelos deuses com doses extras disso que chamamos de existência. Estarão solitários, ocupados em dedilhar teclados e rememorar trechos de suas horas. (Bando, pg. 116 a 118)

Entre as páginas, o escritor narra histórias diversas: há o homem que enfrenta o luto de perder um amigo próximo; o jovem que sonha em ser artista na tentativa de criar um outro mundo; o trabalhador intelectual submisso ao sistema capitalista que descobre ser parte do proletariado; o pintor que se revolta contra o mercado de galerias, dentre outras. A partir deste entrelaçado de vozes, personagens e estilos, Hermes Ursini mostra como, às vezes, a arte é o único meio que as pessoas têm para sobreviver. Bando foi realizado com apoio do ProAC, do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas.

FICHA TÉCNICA
Título: Bando
Autor: Hermes Ursini
Editora: Troia
ISBN: 9786588436325
Páginas: 128 páginas
Preço: R$ 74 (físico) | R$ 22,40 (e-book)
Onde comprar: Amazon

Sobre o autor: Hermes Ursini é desenhista, roteirista, pintor, diretor de arte e designer gráfico com décadas de experiência no mercado da propaganda, em São Paulo. Ele começou a desenhar quando era criança, no asfalto da cidade de Jaú. Aos 14 anos, depois de se mudar para Sorocaba, passou a trabalhar em jornal e rádio. Já na capital paulista, enveredou pela ilustração para revistas e jornais, firmando-se como um artista voltado para a comunicação. Bando marca seu retorno ao universo das HQs desde os anos 1980.

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Celebremos os livros e os autores brasileiros

*Por Aliel Paione

A literatura, sem dúvida, é uma das mais significativas manifestações culturais de um povo. Um grande escritor, com sua sensibilidade e talento, consegue captar as nuances mais sutis de uma sociedade e contextualizá-la num tempo e local, exercendo uma crítica perspicaz sobre o ambiente em que vive. Neste domingo (29), ao festejarmos o Dia Nacional do Livro, celebremos, também, seus criadores.

Alguém descreveria com mais sensibilidade a tragédia do homem nordestino que Graciliano Ramos, em seu belíssimo romance, Vidas Secas? Em que expõe a saga de pessoas vivendo e procurando sobreviver naquele ambiente inóspito, seco e paupérrimo? Ou melhor descreveria o ambiente terrível nas prisões durante o Estado Novo, como ele o fez em outro memorável romance, Memórias do Cárcere?

Embora circunstancialmente o destaque seja Graciliano Ramos, os romancistas nordestinos do período regionalista também penetraram fundo nas agruras da região, como José Lins do Rego.

Indagação similar é relativa a Jorge Amado, ao narrar a sociedade cacaueira do recôncavo baiano. Em seus romances, pulsam a sensualidade impregnada na culinária e no gingado de mulatas exuberantes.  Em suas páginas abundam os conflitos e a violência entre os coronéis nas lutas pela posse da terra. Jorge Amado mergulhou na cultura baiana e nos deixou um legado riquíssimo.

Mais ao sul, repetimos o questionamento: alguém se aprofundou com mais perspicácia e talento na sociedade carioca e no ambiente urbano do Rio de Janeiro que Machado de Assis? Seus romances realistas, repletos de sutilezas psicológicas, transcorrem pela rua do Ouvidor, pelo passeio público, Lapa, praia do Flamengo... pelo centro do velho Rio da segunda metade do século XIX. Que leitor mediano desconhece Dom Casmurro ou Memórias Póstumas de Brás Cubas?

Fiquemos nesses exemplos da capacidade narrativa e da riqueza da literatura brasileira em influenciar e tornar conhecida épocas vividas. Porém, alhures, o que dizer sobre Balzac e a sociedade parisiense do século XVIII? Sobre Eça de Queiróz e seu provinciano Portugal? De Proust, De Cervantes e de seu imortal Dom Quixote? De Tolstói e de sua monumental Guerra e Paz? E de tantos outros escritores célebres? Deve-se ressaltar que grandes obras literárias foram adaptadas às artes cênicas, e a elas devemos filmes e peças memoráveis. Cabe, portanto, à literatura esse outro riquíssimo legado.

E o que dizer de outros gêneros literários, como a poesia? Pois ela tem, no Brasil, figuras expressivas: João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Vinícius de Morais... poetas imortais de versos instigantes. Como os romances filmados, muitos poemas foram belamente musicados.

Enfim, a literatura é semelhante aos velhos faróis dos navegantes, que lançam suas luzes em todas as direções e iluminam as noites escuras de uma época, imortalizando-as no tempo.

--

*Aliel Paione é escritor, autor do livro Sol e Solidão em Copacabana, que faz parte da Trilogia do Sol.

 

Vidas complexas, conflituosas e múltiplas: pessoas comuns protagonizam livro de contos.

Doutor em Literatura e Estudos Culturais, Gustavo Tadeu Alkmim estreia com histórias que evocam reflexões sobre as relações interpessoais e o mundo pós-moderno

Os 23 contos de O futuro te espera, escritos por Gustavo Tadeu Alkmim, recorrem a diferentes vozes para evidenciar as complexidades das relações humanas e as múltiplas maneiras de existir no mundo em contraposição a uma sociedade efêmera. Doutor em Literatura e Estudos Culturais, o autor narra momentos cotidianos para tratar sobre as realidades política, social, econômica e psicológica.

Em uma das histórias, um homem encara o próprio corpo morto no caixão, enquanto faz uma retrospectiva de sua trajetória, repleta de conflitos no trabalho e nos relacionamentos. Em outro enredo, uma família, acostumada a nunca chorar e a guardar dentro de si todas as angústias, precisa se separar para buscar uma melhor qualidade de vida.

Ao explorar o extraordinário nas experiências do dia a dia, o escritor apresenta situações que retratam as inquietações humanas sobre a morte, os problemas emocionais da sociedade atual e os medos inerentes da existência. Para isso, ele utiliza personagens profundos e múltiplos: há uma mulher “de bem” com aversão a pessoas em situação de rua; um adulto, prestes a enterrar o pai, que não se recorda da infância; e um trabalhador que encontra conforto em uma mulher misteriosa.

Diz-se, da vida, que vivemos a traçar planos. Sobre o amanhã, o fim do mês, o ano que vem. Sobre o hoje à noite. A previsibilidade do futuro. Até que, sem licença, o imponderável acontece. E os planos viram incertezas; o previsível torna-se frustração. Assim foi com Roberto. Sol a pino, caminhada matinal, passadas espartanas, pensamentos nos compromissos — os planos — do dia. Coração acelerado, pontada no peito, queda brusca. Estendido na pista. Socorro imediato. (O futuro te espera, pg. 46)

Dividido em duas partes, “O Sentido Trágico da Existência” e “E La Nave Va”, O futuro te espera propõe uma linguagem simples e coloquial para promover nos leitores um maior senso de familiaridade com os textos ficcionais. O autor comenta: “Meu livro tenta manter a ideia de uma literatura que pretende convidar o leitor a pensar sobre o mundo que o cerca, sem incorrer em textos de narrativas longas e cansativas, sem cair em uma linguagem panfletária”.

Ficha técnica
Título: O futuro te espera
Autor: Gustavo Tadeu Alkmim
Editora: 7 Letras
ISBN: 978-65-5905-210-3
Páginas: 184
Preço: R$ 59
Onde encontrar: Amazon | 7 Letras

Sobre o autor: Gustavo Tadeu Alkmim é desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, no Rio de Janeiro, e membro da Associação dos Juízes pela Democracia (AJD). Mestre e doutor em Literatura e Estudos Culturais pelo Departamento de Letras da PUC-Rio, faz a estreia na literatura com o livro “O futuro te espera”. No meio literário, também aluno da Oficina Literária Ivan Proença, a mais antiga do país.

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Vida Becker: de menina insegura à maior guerreira da História

A protagonista da saga de Maurício Gomyde vai aprender com grandes personalidades históricas e combater as mentes mais cruéis da humanidade

E se você fosse escolhido para liderar os grandes gênios da humanidade na maior guerra da história do universo? Vida Becker jamais poderia imaginar que caberia a ela essa missão. Em Vida Becker e a máquina de contar histórias, primeiro livro da trilogia de Maurício Gomyde, o leitor acompanhará a passagem da jovem paulistana para o Paramundo, o destino dos mais de 100 bilhões de humanos que já morreram na Terra.

Essa população está dividida entre os Amáveis, que re-vivem no Território Fraterno, e os Temíveis, relegados a re-viverem para sempre nos confins do Território Ermo. A personagem chega ao Paramundo por meio de um portal em forma de livro e se depara com uma guerra iminente, após milhares de ciclos em que a paz reinou. Na dicotomia representada pelo bem e o mal, a jovem irá aprender, crescer e aos poucos ganhará o respeito dos Amáveis para se tornar a grande líder.

— Mas ninguém pode ter sido só bom ou só mau.
— Você está coberta de razão,Vida. Todo amável teve,
na Terra, um quê de temível. Assim como todo temível, claro, teve lampejos amáveis.
Porém, o Paramundo é maniqueísta. Ao chegarem aqui, os seres humanos amáveis tornam-se
integralmente sua melhor versão amável e os seres humanos temíveis tornam-se a sua mais cruel versão temível.
E assim ficarão para sempre.
(Vida Becker e a máquina de contar histórias, pg. 78)

Nesta jornada épica, a protagonista vai interagir com grandes personalidades da história. Enquanto luta contra os exércitos de Napoleão Bonaparte, Mussolini e Gengis Khan, Vida tem ao lado figuras como Joana d’Arc, Dandara dos Palmares e Marielle Franco. Mulheres fortes que reforçam o componente feminista da obra, inspirada essencialmente na filha de 14 anos do autor, também músico e roteirista de cinema.

“De tanto escutar as dúvidas e angústias da minha filha sobre o mundo, o futuro, pertencimento e identidade, decidi criar a jornada desta personagem”, comenta o também autor de Surpreendente!”, finalista ao Jabuti, que aposta também na importância da cultura e do conhecimento “para que Vida aprenda e resolva seus maiores problemas com sabedoria.”

Dono de uma escrita que se distingue pela sensibilidade, neste coming of age Maurício Gomyde agora leva a mensagem aos jovens que passam pelas dúvidas próprias da idade. Trata de medo, aceitação e futuro. “Esta é uma aventura que celebra o lado bom do ser humano como um "superpoder", e não como uma fraqueza a ser remediada e endurecida”, comenta em prefácio o também finalista ao Jabuti, Felipe Castilho, autor de Serpentário.

FICHA TÉCNICA
Título: 
Vida Becker e a máquina de contar histórias
Autora: Maurício Gomyde
Editora: Qualis
ISBN: 978-85-7027-095-5
Dimensões: 23 x 16cm
Páginas: 348
Preço: R$ 50,00 (físico), R$ 16,90 (e-book)
Onde comprar: Qualis EditoraAmazon

Sobre o autor: Maurício Gomyde é músico, roteirista de cinema e autor de oito livros publicados em seis países. Foi finalista do prêmio Jabuti 2016 com o livro Surpreendente!, título publicado também em Portugal, Espanha, Itália e Lituânia. Vida Becker e a máquina de contar histórias é o quarto lançamento pela Qualis Editora.

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O retrato de um Brasil antagônico.

Romancista Aroldo Veiga aborda em novo livro os dramas e contradições de dois homens que disputam o amor de uma mulher

Antagônicos, novo romance do escritor Aroldo Veiga, é o retrato de um Brasil desigual. Em nossa pirâmide social, os dois protagonistas provieram de camadas bem distintas. Cristiano é filho de um rico empresário da construção civil. Cainã foi abandonado pela mãe e vive com o pai alcoólatra em um cortiço.

Não fosse por Mariana, a bela e cativante sobrinha do bispo, seus caminhos jamais teriam se cruzado. O interesse pela moça desencadeou uma disputa ferrenha entre os dois rapazes, repleta de perfídias e reviravoltas. Já no prólogo, o leitor é apresentado a Cristiano e à sua vida de luxo em São Paulo. Após um evento trágico, o rapazinho se vê obrigado a mudar-se para casa de uma tia no Nordeste.  

A história então retrocede três anos e passa a narrar o cotidiano de Cainã, que após romper relações com o pai, é acolhido por uma senhora e também se vê à beira de um precipício de mudanças, com novo colégio e amigos. O enredo ganha novos contornos quando Mariana surge entre eles, dando início a uma trama que começa na década de 1980 e se prolonga até início dos anos 2000.

Do fundo da sala, Cainã contemplou a chegada de Mariana,
os olhos estreitados como os de um felino.
Cristiano percebeu o seu interesse na moça e sentiu uma pontada de ciúme.
Intuía que agora teria um concorrente à altura.

(Antagônicos, p. 31)

Na eloquente narrativa do escritor sergipano, o leitor irá se deparar com diálogos bem elaborados e uma rica sintaxe. A sonoridade textual é outra característica marcante na obra, temperada com técnicas de paralelismos, digressões, antecipações e metáforas.  

“Os trechos mais intimistas, além de uma simples interpretação dos personagens, permitem ao leitor um mergulho profundo na essência mais íntima do ser humano”, comenta Aroldo Veiga que, sem abdicar do compromisso com a estética e a verossimilhança, aborda temas relevantes em uma história que emociona e facilmente conduz o leitor até as últimas páginas.

Publicado no Brasil pela editora Ases da Literatura, Antagônicos também chega aos leitores de Portugal, Japão, Estados Unidos, Canadá, Polônia, Suécia, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Espanha e Austrália.

FICHA TÉCNICA
Título: 
Antagônicos
Autor: Aroldo Veiga
Editora: Ases da Literatura
ISBN: 978-65-5428-165-2
Dimensões:14 x 1,5 x 21 cm
Páginas: 264
Preço: R$ 64,90
Onde comprar: Amazon

Sobre o autor: Aroldo Veiga nasceu em 1973 em Aracaju, capital do menor estado brasileiro. É graduado na área de licenciatura e possui especialização em Língua, Linguagem e Literatura. Ainda criança, teve os primeiros contatos com os livros, e apesar da paixão pelas letras, só publicou o seu primeiro romance em 2021. É casado e tem uma filha. Antagônicos é a sua segunda produção literária.

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"As letras de Alice": aventura inclusiva pelo abecedário

Escrito em letra ampliada, braile e Libras, lançamento infantil dialoga com crianças sobre pluralidade social e união familiar

“A” de Alice, de afeto e também de alfabetização. Em uma brincadeira com as letras unida ao universo lúdico, o escritor Elias Sperandio espera deixar o processo de aprendizagem mais divertido e acessível, para crianças com e sem deficiência visual ou auditiva. Inclusivo, o lançamento infantil As letras de Alice imprime o abecedário em três formatos: com fonte ampliada, em braile e Libras (Língua Brasileira de Sinais) – um QR Code direciona para a história contada em sinais.

No enredo, a jovem Alice e o irmão Kauê se divertem na casa da avó Dora, juntos de tios em um café da tarde com toda a família. Em meio às aventuras de pirata e sapateado no chão da sala, a protagonista leva mensagens sobre representatividade e valorização da cultura negra, ao apresentar nomes importantes da história brasileira, como a poetisa Carolina Maria de Jesus e o jornalista abolicionista Luiz Gama.

Ela escreve na
Folha colorida
Grandes
Histórias de heróis

(As letras de Alice, p. 7)

Especialista em produção, adaptação e transcrição de livros em braile, Elias Sperandio traz uma alternativa aos materiais paradidáticos, ao proporcionar uma experiência literária com histórias, personagens e ritmo na narração. “Os leitores em fase de alfabetização precisam do lado imaginativo nesse processo de aprendizagem. Por isso, crianças com deficiências visuais ou auditivas precisam desfrutar de uma literatura inclusiva, pensada e feita para que suas limitações não as impeçam de adquirir a linguagem”, explica.

Publicado com recursos do Programa de Ação Cultural (ProAC), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, o livro terá 700 exemplares distribuídos gratuitamente em escolas públicas. Para receber a obra nas instituições de ensino, educadores devem preencher um cadastro em formulário on-line.

FICHA TÉCNICA

Título: As letras de Alice
Autor: Elias Sperandio
Editora: Blitt
ISBN: 978-65-980012-0-9
Páginas: 20
Formato: 20 cm x 25 cm
Preço: R$ 38,00
Onde comprar: Editora Blitt

Sobre o autor: Elias Sperandio é pós-graduado em Formação de Escritores pela ESDC, bacharel em Letras e técnico em Artes Gráficas. Fundador da Studio Braille, é especialista em produção, adaptação e transcrição de materiais, livros didáticos e literários em braile e em fonte ampliada. Participou de inúmeros projetos de publicação na Fundação Dorina Nowill para Cegos, inclusive do programa “Leia para uma criança”, promovido pelo Itaú Social.

Sobre a ilustradora: Jéssica Góes é carioca e desde criança já rabiscava tudo: paredes, guardanapos e livros de matemática. Bacharel e Licenciada em Artes Visuais pela UERJ, utiliza a aquarela como principal técnica para suas ilustrações. Mulher negra, gosta de ilustrar a pluralidade; suas personagens costumam ser mulheres, pretas e indígenas.

Conheça a Editora Blitt: Instagram | Site oficial




Obra une técnicas e conselhos indispensáveis para escritores

  • Especialista Lilian Cardoso reúne perspectivas sobre o mercado literário brasileiro, dicas de marketing e workbook para autores

    “Por que alguém iria querer ler este livro?” Essa pergunta provavelmente passa pela cabeça de todo escritor ou aspirante. Todo livro nasce de uma ideia e percorre muitas etapas até chegar às mãos do leitor, mas poucos sabem sobre esse processo. Em livro secreto do escritor, a autora, jornalista e especialista em marketing literário Lilian Cardoso oferece aos profissionais da área importantes ferramentas para vencer desafios com estratégia e conquistar espaço concreto em um mercado cada vez mais competitivo.

    A publicação do próprio livro, pela Citadel Grupo Editorial, é o desejo de muitos autores, que por vezes não sabem por onde começar e, sem auxílio técnico ideal, caem em empreitadas que podem atrasar e complicar os caminhos para a conclusão de um projeto literário. Capas mal executadas, falhas na revisão, atrasos de prazos, infelizmente, são problemas comuns para quem inicia a carreira independente. Em cada capítulo, Lilian apresenta técnicas, exercícios e métodos capazes de orientar os autores em todas as etapas.

    Antes de começar a desvendar os segredos de uma obra best-seller, o leitor-escritor descobrirá um pouco da história da autora, que trabalha há quinze anos no mercado literário. Ao conhecer a trajetória da fundadora da agência que mais divulga livros no Brasil, a LC - Agência de Comunicação, o escritor-leitor compreenderá aspectos essenciais para a própria carreira, como iniciar o marketing antes mesmo da publicação do livro.

    De dicas práticas e explicações sobre as etapas da produção aos alertas sobre plágio, direitos autorais e presença virtual – em plataformas como Amazon KDP –, a obra entrega ao escritor um arcabouço sintonizado com as mudanças no mundo editorial e nas tecnologias. 

    Todos nós temos algo para contar a partir das nossas experiências que pode tocar e inspirar outras pessoas.
    Não importa o tamanho ou a natureza da sua mensagem, ela merece ser ouvida.
    As palavras têm o poder de criar conexões, despertar emoções e fazer a diferença na vida de alguém. 

    (livro secreto do escritor, p. 69)

    Workbook, uma experiência

    O nome do livro não é uma referência a um suposto conteúdo secreto nele contido, mas à parte destinada aos comentários do autor, como um diário. A cada capítulo, ele é convidado fazer anotações sobre objetivos, prazos e insights, a começar pelo cronograma inicial do projeto, bem como expectativas e inspirações, além de exercícios práticos sobre os assuntos abordados.

    Com interessantes insights sobre o mercado literário, o comportamento dos leitores e sobre o próprio ofício da escrita, livro secreto do escritor prepara o autor para novos voos. Não importa o gênero literário escolhido, nem se é iniciante ou experiente, seguro de si, sonhador ou tímido: as lições evidenciadas por Lilian Cardoso permitirão ao autor testemunhar por si mesmo o poder das próprias palavras.

    FICHA TÉCNICA
    Título: livro secreto do escritor: da página em branco ao best-seller
    Autor: Lilian Cardoso
    Editora: Citadel Grupo Editorial
    ISBN: 978-65-5047-253-5
    Formato: 15,2 x 22,9 cm
    Páginas: 304
    Preço: R$ 59,90 (físico); R$ 34,90 (e-book)

    Onde encontrar: Amazon 


Um livro sem estigmas para conversar com jovens sobre saúde mental

Com perspectiva psicanalítica e narrativa leve, autora discute depressão, ansiedade, assédio sexual e suporte familiar por meio das experiências compartilhadas entre duas amigas de infância

Juliana Dutra, escritora, jornalista, atriz e estudante de psicanálise, aborda, no livro de ficção Amiga Conselheira, a relação entre duas amigas de infância que aparentemente compartilham todas as experiências juntas. Mas, quando Giulia tenta suicídio, Maria Vitória vai ao hospital visitá-la e busca entender os pensamentos da menina, que sempre estava disposta a ajudar, mas nunca havia falado sobre os próprios sentimentos.

A partir disso, o enredo se desenvolve entre passado e presente, com um olhar reflexivo para investigar as dinâmicas das relações das protagonistas. A escritora utiliza esta perspectiva analítica para tratar sobre as histórias pessoais das personagens, bem como os traumas, as experiências de vida e os problemas delas.

Com um ritmo lento, tato para dialogar sobre temas delicados e leveza na narrativa, o livro destrincha situações dolorosas às quais Giulia foi submetida. Bullying, abuso sexual, difícil convivência com uma família disfuncional composta por um pai alcoólatra e uma mãe conservadora, além da aceitação da própria sexualidade, são algumas das questões abordadas.

Giu nunca me contou sobre nenhum desses comentários, mas eles eram apenas uma fração da violência que ela sofria desde que colocou os pés em um ambiente escolar. Eu era boba, e achava que ela era muito forte por aguentar todos de cabeça erguida, só que, talvez, ela fosse mais machucada por eles do que eu imaginava. (Amiga Conselheira, pg. 68)

Juliana Dutra transita por todas as suas expertises profissionais para conversar com o público jovem-adulto de forma fluída e dinâmica. Os personagens foram inspirados na dramaticidade teatral, as reflexões são embasadas na psicanálise, e o texto conciso é reflexo da escrita jornalística. “Escrevi o livro que eu gostaria de ter lido aos 17 anos, para acolher pessoas que se sentem sozinhas no mundo”, afirma a escritora.

Ficha técnica
Livro: Amiga Conselheira
Autor: Juliana Dutra
ISBN:‎ 978-65-00-61274-5
Páginas: 172
Preço: R$ 50,00
Onde encontrar: Amazon



 

A Container promove sessão de autógrafos e bate-papo com autora de livro sobre refugiada da Palestina neste domingo (15)

Espaço multicultural na Ilha da Gigóia tem também novas exposições de artes e diversos livros e pratos para experimentar

A Container, espaço multicultural na Ilha da Gigóia, Barra da Tijuca, no Rio, recebe neste domingo (15), a partir das 15h, a antropóloga, escritora, roteirista e jornalista Beatriz Brandão para uma sessão de autógrafos e bate-papo sobre o romance “Por muitos Céus”, da editora IBI Literário. Em meio ao atual momento em que mais uma vez se destacam os bombardeios entre Israel e Palestina, o livro traz a história de uma mulher palestina refugiada no Brasil.


A entrada é gratuita e o local, comandando pelos sócios artistas Maureen Miranda, Neco Yaros e Carol Machado, além de livraria é também galeria de arte, café, vitrine com itens de moda personalizados, ambiente para eventos e shows, oficinas e esoterismo. Durante o evento, a Container terá entre suas iguarias o famoso prato caiçara paranaense Barreado preparado por Neco, além de vinhos, cafés especiais e a Torta de Maçã da Carol. 

 

Quadros com seres estelares azuis

Além das exposições permanentes de Maureen Miranda “Entre Pernas, Tudo Igual, Tudo diferente” e os diversos itens do Espaço Alice, inspirados no universo de “Alice no País das Maravilhas” o visitante terá mais novidades para contemplar. A artista plástica estreou na semana passada uma minicoleção de quadros denominada “Anjos Azuis” feita de tinta acrílica sobre tela, resina e um item especial: “Eu uso também penas de animais que eu encontro pelas ilhas – Ilha da Gigóia e Ilha Primeira. São seres estelares”, conta ela.

Muitas ilustrações nas tradições antigas tiveram o objetivo de confirmar a memória, herança cultural, espiritual e mesmo hereditária dos místicos Seres Azuis de Sirius e outras estrelas, referidos no passado, assim como o filme "Avatar" inspirado nesses povos azuis. Alguns estudiosos de Ufologia atrelada à Ciência e à espiritualidade nomearam estes seres ainda como Blue Avian ou Aves Azuis.


Mais sobre “Por muitos Céus”


Pela passagem de quantos céus se faz a travessia de uma mulher? A palestina Olívia Nassar se descobre mãe na travessia de uma terra ventre para o desafio em outro país. Fruto do híbrido, se vê obrigada a encarar esse duplo após o enlutamento de seus pais. Parte de seu país e se descobre mulher refugiada palestina no Brasil. “Por muitos céus” conta a história de um Brasil que é múltiplo, com vocação de migrações e deslocamentos que compõem a sua identidade.


livro é o encontro de Olívia como cidadã em outro país, como mulher e como mãe, contada por sete primaveras. Sete anos, sete objetos, sete sonhos e sete cartas. Brasil e Olívia resguardam aproximações: mulher e país de ventres abertos, em poros, que recebem sementes para serem formados em trajetórias híbridas. A história da semente de Olívia se confunde com as histórias das sementes que vêm florescer nesse Brasil.


Sobre a Container

Espaço multicultural recém-inaugurado na Ilha da Gigóia, no Jardim Oceânico da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O local é fruto de uma sociedade entre os três artistas Maureen Miranda, Neco Yaros e Carol Machado. Lá, há encontros culturais, exposições artísticas, além de livraria, café, entre outras propostas.

Instagram: https://www.instagram.com/acontainerr/ 


Sobre Maureen Miranda

Maureen Miranda é atriz, artista plástica, escritora e ilustradora. Participou por 18 anos da Sutil Cia de Teatro (com direção de Felipe Hirsch) e trabalhou com grandes nomes como Marcio Abreu, Diego Fortes, Jorge Farjalla, Paulo de Moraes, Cacá Rosset e Maurício Vogue. Ao todo, são 32 peças de teatro, quatro novelas da Rede Globo e cinco longas metragens.


Destaca-se o trabalho em “Hebe, o filme”, e em “Jesus Kid”, com o qual ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival da Paraíba e foi indicada no Festival de Gramado. A atriz também está no elenco do longa “Uma Família Feliz”, um dos seis filmes selecionados para a mostra competitiva do 51º Festival de Cinema de Gramado e o filme com previsão de lançamento para este ano “Nem toda história de amor acaba em morte”, dirigido por Bruno Costa. 

Fotos: Divulgação.


Livro, um sobrevivente

*Aroldo Veiga

Doze de outubro é celebrado o Dia Nacional da Leitura, instituído por lei em 2009. Mas você sabe o que mudou no mercado editorial e o que temos a comemorar? Você conhece a opinião de especialistas acerca do futuro deste hábito milenar? Sabe quais mudanças já estão em curso?

O fato é que o universo dos livros é permeado de mitos e verdades. Naturalmente você já ouviu falar nos benefícios da leitura, que desenvolve o senso crítico, a cognição, o vocabulário... Tudo isso é verdade, a ciência atesta. Contudo, será que também é verdade que o brasileiro lê pouco, que hoje em dia ninguém mais se interessa por livros?

Desde que o homem inventou a escrita, há cerca de 4 mil anos, as plataformas de leitura têm se aprimorado de acordo com cada época. Primeiro vieram os papiros, depois os pergaminhos, o papel, a imprensa... Recentemente a literatura entrou na era digital. O hábito então começou a migrar do papel para as telas, e o motivo é simples: o e-book é ecológico, mais leve, mais barato... Durante a pandemia, as vendas neste segmento cresceram 50%.   

Além disso, o livro digital é mais fácil de comprar e o acesso é imediato. O usuário ainda pode armazenar centenas de obras em um único dispositivo, ajustar o tamanho e o tipo da fonte, o nível de brilho e até cor da tela. 

Diante de tantas vantagens, eis a pergunta que não quer calar: será que tudo isso significa o fim do livro impresso? Provavelmente não! O livro já sobreviveu a guerras, ditadores e fogueiras santas. Certamente se adaptará às novas tendências de mercado e continuará vivo.     

Até porque tem o aval da ciência. Quando se trata de educação infantil, pesquisas afirmam que estudar no papel aumenta a concentração do aluno. Na Suécia, por exemplo – onde o sistema educacional é um dos melhores do mundo –, o livro digital já vinha sendo adotado há quinze anos, em paralelo com o livro impresso. Recentemente, amparado por estudos científicos, o país decidiu voltar a usar apenas livros de papel.     

O Brasil, apesar de tantos números negativos, tem muito a comemorar no que diz respeito ao consumo de livros. O país figura entre os dez maiores mercados do planeta e, apesar de tímido, o aumento nas vendas tem se mantido em constante ascensão.

O fato é que é possível conviver com as duas tecnologias, aproveitar o que há de melhor em cada uma. O mais importante é não deixar a chama da leitura se apagar. Que tal então celebrarmos o Dia Nacional da Leitura com um bom livro brasileiro?     

 

*Aroldo Veiga é especialista em Língua, Linguagem e Literatura e autor dos romances Antagônicos (2023)e Trono de Cangalha (2021).


Conversas de bar: autor atravessa contradições sociais a partir de cenário tipicamente brasileiro em livro

No livro "Entre Muitas Vozes", Marco Antonio Martire retrata o crescimento do fascismo, critica os costumes da sociedade e evidencia as dores de uma jovem para romper padrões e viver de arte

Domênica, uma jovem aspirante a cantora de samba, e Vianna, um jornalista fascista com dependência em álcool, se encontram regularmente na mesa de uma choperia. Eles não são amantes, tampouco podem ser considerados amigos próximos, mas as conversas e as reflexões destes personagens com características antagônicas constituem o livro Entre Muitas Vozes, do escritor Marco Antonio Martire.

Na obra, os dois protagonistas narram suas respectivas trajetórias. Domênica sonha em se tornar artista, mas está em um conflito interno para atender às expectativas da família e seguir a carreira de jornalista. Na tentativa de se opor aos desejos dos pais, descobre traições que abalam a ideia do matrimônio perfeito.

A mãe já não era mais a dona de suas confissões, os pequenos erros, as tolas fraquezas dos seus afetos foram identificadas, qual era o problema com a música? Domênica se afastou e mergulhava em um redemoinho de opiniões novas, sugeridas pelo novo mundo uma atrás da outra, contraditórias e cansativas. Começou a cansar, e o cansaço também pôs na conta da mãe. (Entre Muitas Vozes, pg. 19)

Por outro lado, Vianna sente-se solitário depois que o alcoolismo destruiu suas relações. Com perda parcial da voz devido ao uso contínuo de cigarros, ele encontra na jovem uma possibilidade de ser escutado e de compartilhar suas visões acerca do mundo.

Marco Antonio Martire concentra o enredo, principalmente, em um bar na capital do Rio de Janeiro com o objetivo de mostrar as várias realidades que se conectam no cotidiano. Ele comenta: “o livro foi pensado a partir do burburinho de um bar. São muitas vozes falando ao mesmo tempo. Tem o garçom, o bêbado, o estudante, a professora... A obra trata sobre uma voz que quer se sobressair em um universo de vozes que tentam falar coisas diferentes ao mesmo tempo”.

Com uma narrativa que equilibra diálogos e pensamentos internos dos protagonistas, o autor atravessa contradições da sociedade brasileira. Além de refletir o crescimento do fascismo no contexto macropolítico brasileiro, também explicita as hipocrisias presentes nas relações interpessoais.

Ficha Técnica
Título: Entre Muitas Vozes
Autor: Marco Antonio Martire
ASIN: B0CDNPCC6P
Páginas: 242
Preço: R$ 15,90 (e-book)
Onde comprar: Amazon

Sobre o autor: O carioca Marco Antonio Martire é servidor público, formado em Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda, e pós-graduado em Língua Portuguesa. É autor de "Capoeira Angola mandou chamar”, que recebeu o prêmio Lucilo Varejão na categoria “Melhor Livro Inédito de Ficção”. Também possui textos em coletâneas e antologias, como “O Gato na Árvore”, “Poemas Cariocas”, “Clube da Leitura – Vol. III” e “Escritor Profissional – Vol. 1”. Suas publicações mais recentes são os romances “Decidida” e “Entre Muitas Vozes”.

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