sábado, 26 de dezembro de 2020

 2020: Música em tempos de pandemia. Um balanço do ano e uma análise dos desafios futuros.



Em 2020, a música ganhou ainda mais público nos serviços de streaming. Foi o ano das lives e do crescimento da música gravada. Como será 2021?


O presidente da Associação Brasileira de Música Independente, Carlos Mills, faz um balanço do ano e avalia os desafios do setor neste período de pandemia. Suas declarações levam em conta os dados divulgados na pesquisa que mapeou o mercado da música independente no Brasil (leia mais aqui). E nas avaliações que experts apresentaram durante o Rio Music Market, realizado pela ABMI em dezembro.

Confira aqui os destaques:

 

2020 para a Música Independente

“Podemos elencar impactos negativos e positivos em relação ao setor musical como um todo:

- NEGATIVOS: Forte impacto negativo para a música ao vivo. Músicos e técnicos de espetáculos sem renda para subsistência. Receitas de execução pública caem.

- POSITIVOS: Crescimento dos serviços interativos de streaming, em faturamento e em quantidade de usuários. Aumento da produção de conteúdo gravado pelos artistas e gravadoras: estimamos em mais de 30% o aumento da produção neste período. Novas composições e parcerias inéditas entre artistas.”

Equipamentos mais baratos + pandemia = aumento da produção

“No cenário da música gravada, o mercado já vinha trabalhando em “home office” muito antes da pandemia. O barateamento dos custos dos equipamentos propiciou aos músicos gravar colaborativamente, cada um de sua casa. A pandemia apenas acelerou e consolidou este movimento que já vinha ocorrendo naturalmente.”

Streaming ainda tem muito a crescer no Brasil

“Segundo as estimativas da ABMI, ainda estamos longe do ponto de saturação do mercado de streaming no Brasil, em termos de quantidade de assinaturas. Mas a pandemia mostrou a consistência deste modelo de negócios, sem dúvida alguma.”

Pesquisa da ABMI traz surpresas

“Em relação à pesquisa que realizamos com o mapeamento do mercado da música independente, tivemos algumas surpresas. O otimismo dos produtores independentes com o futuro do negócio, que atingiu um percentual de 89%, sem dúvida surpreendeu. Outra surpresa, esta não tão positiva, foi a constatação de que a diversidade de gênero dentro das gravadoras independentes brasileiras, mesmo entre homens e mulheres cis, ainda está longe da ideal, em especial nos cargos estratégicos e de gestão.”

No Rio Music Market, evento realizado pela ABMI, Patrick Ross, SVP da Music Ally, apontou a indústria do game como um terreno onde a música pode crescer muito  

“Concordo plenamente, já existem muitas iniciativas em andamento. Concertos virtuais, em realidade aumentada, interativos, devem crescer muito. Já temos shows ‘ao vivo’ sendo transmitidos dentro dos games e que alcançam um público enorme. A tendência é esta área ter um grande desenvolvimento num futuro próximo.”

O impacto da Covid-19 em 2021

“Creio que será semelhante ao deste ano, com os espetáculos ao vivo tendo dificuldades e o setor da música gravada seguindo em crescimento sustentável.”

Lives e shows pela internet ainda farão sucesso

“A tecnologia evolui muito rápido e poderá oferecer opções cada vez mais interessantes para quem assiste. Ao mesmo tempo os times dos artistas estão aprendendo a lidar com essa nova realidade. Acredito que num futuro próximo teremos eventos mais profissionais e menos eventos gratuitos, pois afinal de contas existem equipes que precisam sobreviver de seu trabalho.”

Tendências do mercado da música nos próximos cinco anos

“Virtualização de eventos; realidade aumentada; o streaming interativo de música vai atingir, na maioria dos mercados, o ‘platô’ de crescimento; maior integração entre música e games.”

 

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