sexta-feira, 10 de julho de 2020

Eu já vi de tudo nesta vida

Quem fala de racismo pode ser racista? Neuropsicólogo revela conceito polêmico com base na psicologia da lei do espelho.
Bailarina do Faustão Ivi Pizzott e Fabiano de Abreu
Divulgação
Fabiano de Abreu revela com base em seus estudos e pesquisas que falar de preconceito pode trazer mais preconceito e pode ser um ato preconceituoso
O assunto preconceito é sempre muito polêmico. A maioria quer acabar com o preconceito, até porque a ética e a moral em uma sociedade define que ele não pode existir, assim como ele não faz sentido levando em consideração que o bom da vida são as diferenças. O neurofilósofo Fabiano de Abreurefletindo sobre essa questão, escreveu seu conceito baseado em pesquisas, estudos e leis da psicologia que, mesmo causando polêmica, decidiu divulgar. 
“Eu já vi de tudo nesta vida, já estive em muitos países, tenho amizades de diversas etnias, o preconceito nunca esteve em pauta na minha vida já que não enxergo diferenças negativas ou positivas em relação a etnia. Entendo que as pessoas são diferentes por si só dentro de uma normalidade. Seja na personalidade ou nos padrões físicos. Dizer que todos são iguais é meio sem sentido, pois se os olhos vêem formas e cores diferentes, então são diferentes no quesito físico. No mental todos são diferentes pois temos personalidades diferentes e isso é a graça da vida. Se fôssemos iguais faríamos todos as mesmas coisas e a vida não seguiria o seu ciclo. Imagina se todos fossem advogados, quem iria contratá-los?”

Abreu que é filósofo, neurocientista, neuropsicólogo, psicanalista, neuropsicanalista e jornalista, além de outras formações que possui para a sua coleção de diplomas e certificados,  vê nos estudos uma prática de compreensão do comportamento humano e uma forma de, como ele diz, liberar hormônios e neurotransmissores para um bem estar através dos estudos. O neurofilósofo revela com base na psicologia e na psicanálise o seu conceito sobre o racismo. 
“Jamais se pode generalizar, isso não é uma afirmação definida para todo caso, mas está relacionado a um fato que é cabível de raciocínio e teorização. Já vi relatos de preconceito de branco com negro, negro com branco, negro com negro, branco com branco, assim como asiáticos e outras etnias. Baseado nisso fiz uma observação para chegar a essa elucidação sobre racismo e racistas. Um viés desta elucubração, é que, pessoas que não demonstram ter preconceito, não falam sobre o tema. Cognitivamente não demonstram ter preconceito e este tema não faz parte do vocabulário já que, quando não se vê diferença, não chama a atenção para comentários prós ou contras. Simplesmente todos são iguais e ao mesmo tempo é normal ser diferente.” 
Profundo em sua linha de raciocínio, Abreu fala do cuidado com o fanatismo; “Há quem defenda causas por ter sofrido injustiça ou por seguir uma onda que o introduz culturalmente neste objetivo. Mas alguns dos que seguem uma ideologia, tornam-se fanáticos por ela e acaba por introduzir o preconceito na própria cultura , de forma fundamentalista sem permitir evolução."
Com base em uma lei na psicologia, Abreu revela o seu conceito; ”na psicologia, a lei do espelho estabelece que nosso inconsciente nos faz pensar que o defeito ou desagrado que percebemos nos outros existe somente “lá fora”, não em nós mesmos. A projeção psicológica é um mecanismo de defesa por meio do qual atribuímos a outras pessoas nossos sentimentos, pensamentos, crenças ou até mesmo ações próprias que são inaceitáveis para nós. Portanto negamos em nós e projetamos no outro, aspectos próprios, que nos causam feridas narcísicas. Essa projeção psicológica acontece pois a nossa mente entende a ameaça física e emocional à integridade mediante a nossa personalidade social, e emite assim um sinal de rejeição para o meio externo projetando no outro essas características que não a nós mesmos. Retirando a ameaça de nós mesmos, e evitando a dor da mudança que esse reconhecimento de algo negativo, nos exigiria.” 
Abreu finaliza dizendo que enfatizar o preconceito, trazer o assunto à tona, pode trazer mais preconceito; “o preconceito é algo do passado, na realidade no passado distante havia menos preconceito. Pois havia menos estereótipos. Mas enfatizar o tema preconceito, é uma forma de ligar o alerta nas mentes perversas chamando a atenção sobre ele, que passam a enxergar diferenças onde estas não existem. Quando falamos em preconceito, jogamos luz sobre visões adoecidas, enrijecidas e inflexíveis. O ser humano é de uma riqueza plural, não há forma nem fórmulas em que todos nos encaixamos ou contenhamos. Por isso o estereótipo pode ser a matriz de muitos preconceitos. Na psicologia e na psicanálise nada e tudo não existem. É imperativo relativizar, a pessoa e seu contexto. Mas a negação e a projeção são os mecanismos de defesa mais usados socialmente. Para evitação de nossas próprias mazelas existenciais, ficamos no discurso politicamente correto e não na ação correta! Utilizar esse discurso para criticar, julgar e condenar o outro, não nos eleva a melhor lugar de nós mesmos. A palavra tem força política e movimenta a sociedade. Mas a ação real a partir de modificações positivas, trazem melhorias para os dois lados da força dessas relações. Para quem sofre e para quem impele a dor ao outro. Que tomemos para nós a melhores escolhas de ações que possam produzir uma sociedade igualitária. Se todo singular se importar com o plural, se cada um em sua vida privada agir na vida coletiva, o mundo será efetivamente um Melhor Lugar para se morar.” 
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A falta de autoconhecimento leva a julgar o outro e invadir o espaço alheio, afirma neurofilósofo
Fabiano de Abreu, neurofilósofo e psicanalista, analisa que os motivos comportamentais, sociais e culturais que leva o outro a julgar o seu próximo reside na ausência de autoconhecimento e auto-aceitação.
Embora estejamos em uma época em que a diversidade e o respeito ao diferente tem sido pauta de diversas discussões e manifestações artísticas, culturais e sociais, ainda não evoluímos o suficiente como sociedade para nos livrarmos totalmente dos nossos pré conceitos e julgamentos. 
O neurofilósofo e psicanalista Fabiano de Abreu, que atua como pesquisador da mente humana e de padrões comportamentais, têm procurado entender o que leva uma pessoa a julgar o próximo. Segundo suas análises, os motivos podem estar primeiramente dentro do próprio julgador: “As pessoas que criticam e julgam as escolhas e o comportamento dos outros, na verdade, não os aceitam como são, e querem que eles sejam e ajam conforme as suas necessidades e vontades particulares. Elas não conseguem aceitar os outros como são pois são egocentristas. Enxergam a si mesmas como potencialmente superiores e são desprovidas de humildade. Falta-lhes maturidade emocional e empatia para entender as nuances que revelam os motivos dos outros.” 
O vício do julgamento
Para Abreu, existe um círculo vicioso para muitos no que diz respeito a julgar e avaliar o outro: “isso porque não se trata da vontade de tentar compreender as atitudes, comportamentos e a personalidade alheia, mas é apenas um impulso para satisfazer suas próprias certezas e reafirmar suas verdades que satisfazem a uma única pessoa, que é ela mesma. Os julgadores profissionais agem sempre como se o outro fosse um objeto de estudo para que eles possam se auto-afirmar e se vangloriar de ser melhores do que aqueles que eles julgam. E esse movimento constante de olhar para fora, os impedem de avaliar a si mesmos.” 
Diferença entre opinião construtiva e julgamento
O estudioso salienta que expor uma opinião construtiva não é um julgamento, nem uma crítica, é uma mera observação: “a crítica e o julgamento se dão quando o observador se julga no direito de fazer uma interpretação pejorativa do fato ou do indivíduo, quando acusa, desdenha, diminui, e invalida o outro. O observador que quer contribuir para a evolução do seu próximo não vai julgar, vai conduzir a conversa no sentido de se igualar com o outro e não, se mostrando superior a ele.” 
Segundo suas observações, entender o outro e responder às suas ações usando a cognição e a empatia considerando a sua personalidade é necessário: "mesmo quando se quer contestar algo que foi dito ou feito é um ótimo mecanismo que evita conflitos e, tem mais chances de atingir o objetivo, que é a conquista da confiança daquele que desejamos ajudar com a nossa opinião. Nos faltam espelhos quando enxergamos algo de errado nos outros. É temeroso ter que avaliar a si mesmo e perceber que muitas das nossas ações não são corretas. Julgar apenas aponta a sujeira e coloca o dedo na ferida, mas não promove a assepsia nem cura o ferimento.” 
Tenha compaixão
Para o neurofilósofo, aqueles que criticam e julgam excessivamente, desconhecem o significado de empatia e compaixão: “Devemos ter compaixão com os outros, com o nível de entendimento, com a condição emocional que contemplam as suas histórias de vida. Devemos aceitar que eles só poderão oferecer o que eles têm, e principalmente, que eles terão que seguir por caminhos que eles mesmos escolherem, e precisamos compreender que não temos o poder e nem devemos querer ter o controle sobre as suas escolhas. O que eles escolhem viver e fazer são caminhos que fazem parte do aprendizado que eles precisam absorver e cabe a nós apenas aceitar, e entender, que o que acontecer a partir das suas escolhas será sempre o melhor para ele.” 
Falta de autoconhecimento leva ao julgamento do outro
Para Abreu, o julgador não percebe o próprio defeito e sempre acredita que está certo, não aceitando a opinião alheia, e demonstrando profunda aversão por “feedbacks” negativos: “Ele, o julgador, tem uma dificuldade absurda em admitir os próprios erros, porque busca a perfeição em si, e nos outros, e quando percebe que outras pessoas não o validam com a mesma perfeição que ele se projeta, ele se revolta e os ataca com severa agressividade, com palavras ofensivas e atitudes desagregadoras. Não podemos nos deixar influenciar pelas pessoas que criticam e julgam a nossa vida, pois não sabemos se elas vieram mediante a uma verdade, uma vaidade, ou uma enfermidade. Mas devemos ter a hombridade de nos analisar friamente para fazer as mudanças necessárias em nossas atitudes, e pensamentos.” 
Por esse motivo, o neurofilósofo aponta que a mudança que queremos ver no outro deve começar em nós: “Devemos emitir opiniões acerca do comportamento alheio, com base em nosso próprio crescimento e maturidade, mas somente se formos solicitados. Caso não tenham solicitado a nossa opinião, que tenhamos a sensatez de nos manter em silêncio. Devemos sempre expor as nossas visões no formato de palavras que carreguem um encadeamento de ideias, que leve o outro a uma ascensão e não a um rebaixamento. Quando elevamos o outro, conquistamos um espaço em suas vidas através da nossa própria experiência e evolução. Nesse contexto, nossas opiniões sempre serão bem vindas, e serão recebidas como um presente. E não como uma crítica, julgamento e condenação. Aqueles que criticam e julgam e se sentem bem após emitirem as suas opiniões regadas de “achismos” subjetivos, na verdade, estão querendo fugir da necessidade urgente de olhar para as suas próprias vidas. Afinal, o outro sempre carrega aspectos que são ou já foram nossos. Também por isso é sempre tão mais fácil enxergar no outro aquilo que não conseguimos enxergar em nós mesmos.” 

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