segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

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Marcas brasileiras apostam em chef paranaense para conquistar o paladar do norte-americano

Uma chef paranaense tem sido fundamental para romper a resistência de norte-americanos a produtos alimentícios brasileiros. Nascida em Arapongas, interior do Paraná, Giovana Camargo foi em 2015 para os Estados Unidos estudar na renomada escola de gastronomia Le Cordon Bleu, em busca do sonho de se tornar chef em um grande restaurante. A experiência foi tão boa que ela resolveu ficar e construiu uma sólida carreira. Com passagens por cozinhas célebres, como a de Emeril Lagassé, famoso chef americano e a do Four Seasons, o hotel mais luxuoso localizado dentro do parque temático da Disney, a chef Gio, como é conhecida por lá, tem se dedicado, em paralelo a sua atuação nas cozinhas de alto gastronomia, a prestar consultoria a marcas brasileiras que buscam entra no mercado estadunidense.


Desde 2015, quando foi a única brasileira na turma da Le Cordon Bleu de Orlando, a chef Gio buscou compreender a mente do norte-americano, para conseguir introduzir pratos típicos daqui. Amiga do Alex Atala e fã do Rodrigo Mocotó, Giovana conta que os norte-americanos são muito resistentes a aceitar uma culinária de fora. O jeito para romper essa barreira era integrar nossos alimentos em pratos que eles costumavam consumir. Era preciso gingado e atitude, como a própria chef costuma falar.


Um dos exemplos que ela conta foi no restaurante do Emeril, local em que ela sonhava em trabalhar desde que colocou os pés nas Terras do Tio Sam. Havia o desejo de mostrar para o chef havaiano com que trabalhava a comida brasileira, mas ele sempre impedia. “Até que uma vez ele me deu a oportunidade de fazer o pão de queijo. Peguei uma carne, como se fosse a costela desfiada, abri o pão de queijo, coloquei a costelinha dentro e espetei uma bandeira do Brasil. Ele adorou e foi para o cardápio especial do restaurante”, relembra.


Devido a essa experiência adquirida, Giovana tem sido procurada por marcas brasileiras que querem conquistar o paladar do norte-americano. Foi assim que aconteceu com a Forno de Minas, que almejava levar para lá o tradicional pão de queijo. A chef conta que eles não entendiam o conceito de pão de queijo, então ela decidiu apresentar como sendo um alimento saudável como um contraponto ao gorduroso fast-food. “Foi seguindo essa linha que comecei a ir aos restaurantes e deu certo. Passou a vender muito bem”, celebra. Em paralelo a isso, a chef também aproveitou a forte presença da cultura colombiana, que apresenta um pão semelhante, chamado de pandebono. “Então quando eu ia a um restaurante que tinha linhagem latina, eu falava pandebono ao invés de pão de queijo. São estratégias que surgem quando se conhece bem a realidade daqui”, ressalta.


Outro case de sucesso foi a consultoria para a Mr. Bey, que desejava entrar no mercado com o petit gateau, uma sobremesa até então desconhecida no país do McDonald's. Outra vez Giovana buscou algo similar que facilitasse a aceitação. “Por aqui, há um bolinho chamado volcano, que é basicamente a mesma coisa. Então foi mostrando que era um doce similar e o renomeando que foi possível abrir o mercado”, relata.


Infelizmente, lamenta Giovana, muitos restaurantes brasileiros tentam entrar nos EUA sem antes se esforçar para entender as particularidades de perfil de consumidor e local. “Para mim, é traumático cada empreendimento que tenta, mas não vai adiante. É um pedaço do meu coração que vai junto”, afirma. Ela avalia que o principal erro na maioria dos casos é de estratégia. Segundo a chef, é preciso entender que por mais famoso que seja o restaurante no Brasil, a marca é desconhecida para a maioria da população norte-americana. “Muitas vezes chegam aqui querendo colocar o mesmo preço de um restaurante tradicional. A chance de fracasso é alta”, constata.


Giovana cita como exemplo de sucesso o Boteco do Manolo, tradicional restaurante do Rio de Janeiro, que hoje conta com três unidades nos Estados Unidos. Ela conta que conversou várias vezes com o dono Marcelo Manolo que o foco deveria ser apresentar a sua comida para os norte-americanos e não priorizar os turistas. “Ele entendeu isso e hoje 50% de sua clientela é da população local”, ressalta.


Novidade a caminho

Cada vez mais integrada ao universo empresarial da gastronomia, Giovana pretende dar um novo passo, lançando uma linha própria de molhos gourmet no Brasil. Em parceria com a empresa Ruah Alimentos, ela criou molhos de pizza para atender grandes restaurantes e pizzarias. O produto ainda nem chegou às prateleiras das redes atacadistas, mas já superou a previsão inicial de vendas. A primeira estimativa era entregar 200 mil rótulos em redes como Assaí, Grupo Mateus e Fort Atacadista, mas os pedidos já superaram a marca de um milhão. Foram dois anos de trabalho até chegar ao produto ideal. “Como a empresa sabia que eu já tinha a expertise da praticidade gourmet do americano, eles me chamaram para uma consultoria para criar um produto para grandes pizzarias. Espero que seja um sucesso”, destaca.



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