quarta-feira, 9 de junho de 2021

 

Participação da sociedade e inovações nos museus foi tema central do Museum Dialogues.

 


REALIZADO PELO GOETHE INSTITUT, EM PARCERIA COM O MUSEU NACIONAL/UFRJ, ENCONTRO REUNIU PROFISSIONAIS DE INSTITUIÇÕES CULTURAIS DA ALEMANHA E DA AMÉRICA DO SUL

Com o objetivo de promover o intercâmbio entre museus da Alemanha e da América Latina, o Goethe-Institut Rio de Janeiro realizou, no dia 4 de junho, o encontro virtual “Museum Dialogues – Cooperation and Connections to Society”. Foi o evento que abriu a semana de comemorações do 203º aniversário do Museu Nacional/UFRJ. Participaram do encontro representantes de espaços culturais do Brasil, da Alemanha e da América do Sul, com mediação da diretora do Conselho Internacional de Museus no Brasil (ICOM Brasil), Marília Bonas. 



Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional/UFRJ e Dirk Augustin, cônsul Geral da República Federal da Alemanha no Rio de Janeiro, abriram o “Museum Dialogues” e reforçaram a importância da cultura no momento difícil que o mundo atravessa. Após falar sobre a situação atual do Museu Nacional/UFRJ, primeiro museu e instituição científica do Brasil, Kellner destacou a relevância de um debate internacional sobre os museus. 


“Com o trabalho dos nossos colaboradores e a ajuda de pessoas e instituições, como o governo alemão e o Goethe-Institut, estamos em processo de reconstrução. E é também por meio dessa parceria que podemos discutir questões importantes para museus de todo o mundo”, afirmou o diretor do Museu Nacional/UFRJ. “Temos que enfrentar o fato de que as coisas precisam mudar porque o mundo mudou depois dessa pandemia.”


Augustin ressaltou a possibilidade de os museus serem centros de referência para que as instituições enfrentem os desafios pós-pandemia. “Esse evento nos dá a oportunidade de debater, ainda em meio a um momento difícil, como os museus serão no futuro”, comentou. “O que sabemos é que, provavelmente, não serão iguais ao que são hoje, será preciso adaptar-se às novas realidades e pode até ser que os museus liderem o caminho para essas inovações.”


Na sequência, Amanda Cavalcanti, museóloga e uma das coordenadoras do processo criativo das futuras exposições a longo prazo do Museu Nacional/UFRJ, e Michael Faber, antropólogo e presidente da Comitê Internacional do Audiovisual, Novas Tecnologias e Mídias Sociais do ICOM (AVICOM) apresentaram o projeto em realização pelas duas instituições de um workshop sobre o uso de tecnologias e redes sociais para a promoção da inclusão e a redução de barreiras, previsto para acontecer em agosto. No evento, serão convidados diferentes grupos sociais do Brasil, como pessoas com deficiência, afrodescendentes, moradores de comunidade não só para participar do workshop, mas também para manter um diálogo durante o processo de reconstrução do museu. 


Participação social e sustentabilidade

Para fechar o evento, especialistas da Alemanha e da América do Sul debateram o tema “Como a participação social e a valorização de estratégias construtivas de solidariedade podem contribuir para a sustentabilidade dos Museus?”. Cristiana Serejo, vice-diretora do Museu Nacional Rio de Janeiro/UFRJ, defendeu que faz diferença o envolvimento da sociedade com os museus. 


“Com o incêndio de 2018, tivemos que reconstruir o nosso acervo e estamos tentando compreender como fazer isso. E a participação das pessoas contribui muito com esse processo”, disse. “Faz a diferença ouvir o que o público tem a dizer e quer ver nos museus. Estamos, por exemplo, em contato com povos indígenas, para que eles nos ajudem a construir a nossa coleção e nos mostrem quais são os objetos deles que gostariam que estivessem no museu. Com isso, as pessoas se sentem mais representadas e se sentem mais conectadas e engajadas.”


Já Emiliano Valdés, Curador-chefe do Museo de Arte Moderno de Medellín, destacou os temas de sustentabilidade e solidariedade. “Com frequência e de forma crescente, temos que perceber que os museus devem ser para todos. Por isso, é necessário ter uma atenção às necessidades do público e é preciso ser mais flexível para engajar em diálogos e parceiras diversos grupos e instituições”, afirmou. “Aumentando nossos objetivos e a nossa missão, vamos permanecer no caminho da sustentabilidade, como uma instituição que pode continuar a ser ativa hoje e no futuro.”


Entre as representantes da Alemanha, Inés de Castro, diretora do Linden-Museum Stuttgart, compartilhou suas experiências com relação à participação popular, que vão desde convite para que especialistas do mundo todo façam residência no museu até participação de comunidades africanas em uma exposição sobre o tema. “Estamos convencidos de que a participação coletiva vai fortalecer a relevância social do museu e que vamos ter uma compreensão mais empática de todos os envolvidos e da sociedade alemã, que se tornou uma sociedade bastante diversificada.” 


Também da Alemanha, Nanette Snoep, diretora do Rautenstrauch-Joest-Museum Cologne, defendeu que os museus precisam mudar para que possam sobreviver. “Temos que nos abrir, ser inclusivos e quebrar barreiras. Mesmo momentos difíceis como o que estamos vivendo podem ser construtivos, em que somos obrigados a repensar nossas instituições”, disse. “Aqui, temos usado espaços alternativos e autônomos, dentro das coleções permanentes, para perder o controle mesmo e empoderar as comunidades e os ativistas. Não é algo fácil, mas os museus precisam estar abertos também para os conflitos e para a convergência.”


O “Museum Dialogues” faz parte de um projeto de longo prazo de intercâmbio museológico entre Brasil e Alemanha, capitaneado pelo Goethe-Institut. No incêndio do Museu Nacional, em 2018, o Ministério Federal das Relações Externas da Alemanha assumiu o compromisso de doar até 1 milhão de euros para a recuperação e reconstrução do espaço. 



Sobre o Goethe-Institut


O Goethe-Institut é o instituto cultural de âmbito internacional da República Federal da Alemanha, que promove o conhecimento da língua alemã no exterior e o intercâmbio cultural internacional. A instituição transmite uma imagem abrangente da Alemanha através de informações sobre a vida cultural, social e política do país. Os programas culturais e educacionais promovem o diálogo intercultural e permitem a participação cultural. Fortalecem o desenvolvimento de estruturas da sociedade civil e promovem a mobilidade global.


Com a rede de Goethe-Institut, Goethe-Zentren, centros culturais, salas de leitura e centros de línguas e exames, o instituto é, há mais de 60 anos, o primeiro contato de muitas pessoas com a Alemanha. A parceria de longa data com as principais instituições e indivíduos em mais de 90 países gerou na Alemanha uma confiança duradoura. A instituição se configura como uma parceira para todos aqueles que estão ativamente interessados na Alemanha e sua cultura e trabalham de forma independente e sem filiações político-partidárias.



 

Ariett Gouveia

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