quinta-feira, 28 de maio de 2020


Segundo dados divulgados pelo SEBRAE, mais de 23% das empresas criadas a partir de 2012 encerraram suas atividades antes de completarem dois anos no mercado

CURITIBA, 
– De acordo com a última pesquisa de “Sobrevivência das empresas no Brasil”, realizada em 2016 pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), mais de 23% das empresas criadas a partir de 2012 fecham suas portas em até 2 anos após sua criação. A pesquisa mostra também que entre as principais dificuldades enfrentadas no primeiro ano de atividade estão a falta de capital, conhecimento e mão de obra. Mas como resolver esse problema?



Segundo o especialista em administração de empresas Milton Jaworski, fundador da Jaworski Consultoria Empresarial (www.jaworskiconsultoria.com.br), o maior problema dos empresários é a miopia gerencial que, de acordo com ele, é resultado de empresários com perfil empreendedor e sem conhecimento de gestão. “O empreendedor normalmente se utiliza de parâmetros rústicos para balizar o seu negócio. E muitos desses parâmetros são empíricos”, diz. “Quando o mercado está favorável, ele permite que erros de avaliação sejam cometidos. Mas ao cometê-los, o empresário deixa de ganhar dinheiro, porque parte significativa do seu lucro se perde na má gestão. E quando o mercado fica desfavorável, começam as dificuldades. E o primeiro sintoma é o pagamento de juros”, explica o especialista.

Milton Jaworski alega que empresa nenhuma foi constituída para pagar juros. “Se está pagando, é porque tem alguma coisa errada”, destaca ele. Entretanto, a culpabilização de terceiros para o mal resultado do negócio ainda é mais comum do que o reconhecimento da má gestão. Fornecedores que não dão prazo, bancos que não liberam dinheiro, funcionários que não vestem a camisa e política econômica decadente estão entre as principais reclamações dos empresários. Jaworski pondera que se a empresa está pagando juros, é porque está com problemas de administração que refletem no fluxo de caixa.

“Milhares de empresas estão com dificuldades para assegurar um capital de giro e garantir estabilidade financeira para sobreviver. Com a pandemia do coronavírus, essa situação se agravou ainda mais”, afirma. Apesar de ser cedo para prever a extensão desta pandemia, Jaworski acredita que o momento pede visões estratégicas e de inovação no campo empresarial, começando pela administração do negócio. “Na visão da maioria dos empresários, problemas de caixa é resolvido com mais vendas e menos custos. Mas isso não é verdade”, complementa.

O especialista aponta que problemas de caixa são resolvidos com gestão operacional, ou seja, com tudo aquilo que envolve estudo do perfil de venda (mix de produtos, margens diferenciadas, revisão de estrutura de custos, revisão de carga tributária, análise de ponte de equilíbrio operacional e financeiro, entre outras medidas) e com gestão patrimonial, envolvendo todo o estudo do ciclo financeiro (fluxo de caixa, giro dos estoques, índices de inadimplência, volume ideal de capital de giro, capacidade de pagamento, capacidade de endividamento, entre outras providências). “Como a maioria dos pequenos empresários não está familiarizada com essas técnicas de gestão, eles tendem a encontrar muitas dificuldades”, completa Jaworski.

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