quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Festival de Berlim ,Berliner Festspiele


Novo filme de Karim Aïnouz é selecionado para Mostra Panorama do Festival de Berlim.

     Nardjes A., de Karim Aïnouz   foi anunciado ontem como um dos filmes selecionados para a Mostra Panorama do Festival de Berlim, que este ano acontece entre os dias 20 de fevereiro e 1o de março.

O último longa do diretor, A Vida Invisível, foi premiado na mostra Un Certain Regard, em Cannes, no ano passado.

Abaixo, mais informações sobre Nardjes A.

FOTO



NARDJES A.

Logline:
24 horas na vida da ativista Nardjes A., no coração dos protestos argelinos de 2019.

Sinopse:
Argélia, fevereiro de 2019. Um levante pacifista popular irrompe contra a candidatura do presidente Bouteflika para um quinto mandato, culminando em uma revolução. Nardjes, uma jovem argelina, participa do movimento para expressar a esperança de seu povo.

Filmado em 8 de março de 2019, Dia Internacional da Mulher, o filme traça um retrato da ativista no momento em que ela se junta a milhares de manifestantes nas ruas de Argel, em luta para derrubar um regime que os silenciou por décadas. Nós a seguimos, enquanto seu país inteiro indicava estar caminhando para um futuro melhor.



Biografia
Karim Aïnouz é um premiado cineasta, roteirista e artista visual.
Aïnouz estreou como diretor de longas-metragens com Madame Satã (Cannes, Un Certain Regard, 2002). Outras obras incluem Aeroporto Central THF (Prêmio da Anistia, Festival de Berlim, 2018), Praia do Futuro (Festival de Berlim, 2014), Abismo Prateado (Quinzena dos Realizadores, Cannes, 2011) e Love for Sale (Venice Horizons, 2006).

Em 2008, Aïnouz codirigiu a série de TV Alice para a HBO América Latina. Como artista visual, expôs suas instalações e projetos colaborativos em todo o mundo. Dirigiu mais de 15 filmes. O mais recente, A Vida Invisível, estreou em Cannes (Un Certain Regard) em maio de 2019, onde recebeu o Prêmio Principal, além de mais de 50 prêmios em todo o mundo.

Aïnouz também é mentor de roteiro no Instituto Brasileiro Porto Iracema das Artes e membro da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

Filmografia
2019 - A Vida Invisível de Euridíce Gusmão
2018 - Aeroporto Central THF
2014 - Praia do Futuro
2011 - O Abismo Prateado
2009 - Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo, codirigido com Marcelo Gomes
2006 - O Céu de Suely
2002 - Madame Satã

FICHA TÉCNICA - NARDJES A:

Montagem: Ricardo Saraiva
Montagem de som: Sebastian Morsch
Produtores: Marie-Pierre Macia, Christopher Zitterbart, Richard Djoudi, Claire Gadéa, Janaina Bernardes
Apoio: Apoiado pelo Doha Film Institute - Desenvolvido por Final Cut em workshop da Bienal de Veneza
Gênero: Documentário
Ano: 2020

DECLARAÇÃO DO DIRETOR

Esta foi minha primeira viagem à Argélia, país de origem de meu pai, que eu só conhecia de nome e fotos, mas que sempre habitou minha imaginação como uma promessa de pertencimento. Eu estava lá para desenvolver um projeto muito pessoal que investiga essa complexa relação entre a improvável história de amor de meus pais, esse país e eu. Chegar à Argélia no início deste ano foi absolutamente brutal. Argel estava eletrizada em torno de uma atmosfera de luta e esperança. De repente, filmar Nardjes A. surgiu como algo extremamente vital.

Este é um filme urgente. O barulho das ruas e a agitação da cidade ocupada por uma juventude febril me convenceram de que durante aquelas 24 horas não havia nada mais importante a ser retratado: Argel estava gritando.

Eu, aquele que aprendeu sobre a Revolução da Argélia através dos livros, embora nutrisse uma estranha sensação de familiaridade, agora estava tendo a sensação de testemunhar algo enorme: uma onda pacífica de manifestações que até hoje, toda sexta-feira, ocupa as ruas reivindicando democracia. Há algo extremamente bonito e poderoso sobre como essas três gerações se uniram durante as últimas semanas. Os jovens que se manifestavam pacificamente nas ruas são netos dos antigos revolucionários. O que aconteceu? O que deu errado? O que deveria ter sido diferente?

Assim que conhecemos Nardjes (26), de alguma forma reconhecemos o filme. Havia uma necessidade latente de falar menos sobre as multidões que saíam pelas ruas para ganhar um contorno mais íntimo do que era aquele movimento. Filmar um dia em sua vida foi a maneira como nos aproximamos do significado do que estava acontecendo nas ruas. Não se tratava apenas da renúncia de um presidente, mas de um silenciamento sistemático, de um encurtamento de horizontes e de todos os sentimentos profundos que estão sempre espalhados pelas ruas, agora condensados ​​pelos indivíduos que nelas se reuniam.

Eu quero que o filme seja ousado, alto, barulhento, rápido e voraz, como as manifestações foram e continuam sendo. As manifestações de Argel ressoam além da Argélia. Eles falam de uma geração que teve seu futuro roubado, mas ainda encontra na esperança um lugar fértil para imaginar o amanhã.

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