quinta-feira, 13 de julho de 2023

Por Ricardo Marajó

 INSÔNIA





Devolva-me, ó dama da noite,
O cálice do sono que de mim roubaste.
Por que me obrigas a dançar incansavelmente?
Não te importas com os afazeres do meu dia?

Ó dama da noite, por que permites que a angústia me sufoque,
Que minha garganta seque, sem provar do cálice do sono?

Diga-me, ó dama da noite cruel,
Teu nome e onde escondeste meu sono,
Que em vão busco pelos cômodos da casa,
Como quem busca luz nas noites escuras.

Diga-me, ó dama da noite,
Qual o prazer em me ver sufocar em pensamentos insanos?
Acaso estás conluiada com a morte,
Ou abraçada à depressão?
Por que me persegues, o que te fiz?

Por que, ó dama da noite,
Insistes em dançar pela madrugada,
Quando a escuridão já se foi e o sol me castiga?
Tenho o dia inteiro pela frente e a mente lateja ardente.
Não és bem-vinda, não venhas me visitar esta noite,
Deixa o sono em minha vida se fazer presente,
Há tempos que sinto falta dele.

Ó dama da noite, já sei que te chamas Insônia,
Devolve-me meu sono, senhora da Insônia.
Agora que já nos conhecemos,
Afasta de mim esse fardo e oferece-me o cálice do sono,
Permite-me beber dessa dádiva.

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