sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Online

 Documentário “Nẽn Ga vi”, sobre os Kaingang (PR), integra programação da terceira edição do Indígenas.BR

Festival on-line gratuito é realizado pelo Centro Cultural Vale Maranhão.




Com povos oriundos de Norte a Sul do Brasil, a pluralidade indígena será evidenciada durante a terceira edição do programa Indígenas.BR, evento online realizado pelo Centro Cultural Vale Maranhão, vai ate 12 de setembro. Este ano, as músicas indígenas estam evidenciadas, com a exibição de videoclipes, documentários, rodas de conversa e materiais inéditos de artistas de todo o Brasil.


Um dos destaques da programação é o curta-metragem Nẽn Ga vĩ – uma retomada kanhgág em movimento (2019), de Paola Gibram e Nyg Kaingang, que apresenta reflexões e performances do coletivo de juventude kaingang Nẽn Ga, da terra indígena Apucaraninha, localizada no norte do estado do Paraná, na região sul do Brasil. O filme mostra a forte ligação do movimento Nẽn Ga com a escola indígena, explorando as formas pelas quais os kaingang contemporâneos refletem sobre as usurpações culturais e existenciais decorrentes dos muitos anos de contato com os não-indígenas e a necessidade urgente de se retomar as práticas e conhecimentos kanhgág que lhes foram proibidos ou violados.

Além dos Kaingang, o festival contará, ao todo, com atrações de 16 povos diferentes, vindos de todas as regiões do Brasil: os Guarani (SP); os Tikuna (AM), os Kanela Ramkokamekrá e os Guajajara Tentehar (MA), os Wapichana (RR), os Huni Kuin (AC) os Kambeba e os Tupinambá (PA);  os Guarani Kaiowa (MS) e os Wauja e os Yawalapiti (MT); os Kariri Xico, os Pankararu e os Fulni-ô (PE);  e o povo Mapuche da Bolívia.

Com curadoria da musicista e pesquisadora Magda Pucci e da jornalista e poeta Renata Tupinambá, o festival tem como objetivo difundir a pluralidade das produções musicais realizadas por artistas indígenas de diferentes partes do país. “São estéticas que escapam da nossa percepção rápida e fragmentada de mundo. São matrizes ancestrais de centenas de povos que aqui viviam, muito antes da chegada dos europeus. Elas vêm do Xingu, do Rio Solimões, das florestas do Acre, do sertão de Alagoas, dos planaltos do Mato Grosso do Sul e de muitos outros cantos. Mas há, também, músicas de hoje, criadas por jovens atentos às realidades atuais em movimentos de luta por territórios, em conexão com linguagens contemporâneas como o rap, hip hop e a música eletrônica. Tudo isso configura o cenário multifacetado da música indígena no Brasil”, explica Magda.

O programa Indígenas.BR foi criado no ano de 2019 e levou ao CCVM um mês de programação dedicada à cultura indígena, com debates e exibição de filmes. No ano passado, por conta da pandemia, o programa se adequou ao mundo virtual, com o lançamento do Prêmio de Fotografia Indígenas.BR, recebendo mais de 100 inscrições de fotógrafos indígenas de todo o Brasil. “O programa de arte, educação e cultura indígenas é um marco da programação do CCVM. Todos os anos miramos um aspecto das culturas indígenas para ser abordado, apresentando toda a diversidade de expressões dos povos originários. Enaltecer esses saberes tão complexos e pouco conhecidos é de extrema importância para repensar o mundo”, conta Gabriel Gutierrez, diretor do Centro Cultural Vale Maranhão.

 

Atrações Musicais

A artista e jornalista indígena Djuena Tikuna apresentará o show Os Cantos que acalentam os Encantados, à capella. Além dela, o cantautor Gean Pankararu com sua música autoral, a performer de origem Mapuche Brisa Flow e Edvan Fulni-ô junto com Oz Guarani completam a lista de atrações musicais.

Produção audiovisual indígena no Brasil traz documentários e videoclipes ao festival

Além do curta-metragem Nẽn Ga vi, outro filme que será exibido na mostra é Espírito da Floresta, feito a partir de uma pesquisa de Ibã Sales, txana do povo Huni Kuin. Na produção, os comentários aos cantos feitos por Ibã criam uma narrativa que conecta imagem e música, além de retratar o surgimento do coletivo MAHKU – Movimento dos Artistas Huni Kuin, grupo que ganhou os museus do mundo e do Brasil.

Além das duas exibições, o festival contará com a apresentação do trailer inédito da série de TV Sou moderno, sou índio, com o episódio Sou moderno, sou músico, de Carlos Magalhães, que mostra o rap como uma das formas mais usadas de comunicação indígena na atualidade. Completam a programação os filmes Iburi – trompete Ticuna de Edson Matarezio e Nhandesy de Graciela Guarani

Na mostra de videoclipes, será exibido ORE MBORAI - Orquestra Multiétnica, o encontro inédito de mais de 100 indígenas de nove povos distintos, que produziu um diálogo artístico potente e transformador no Encontro de Culturas da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Também se destacam a poetisa e compositora Marcia Kambeba; o vídeo Resistência Nativa, que reúne os rappers Brô MCs, Oz Guarani e Kunumi MC com participação do escritor Olívio Jekupé; o registro de uma apresentação dos Kariri Xocó, em parceria com a cantora e rabequeira Renata Rosa; dois vídeos feitos por Alfredo Bello (DJ Tudo) de trechos da Corrida do Umbu dos Pankararu, em Brejo dos Padres; e o videoclipe Rapé de DJ Nelson D, em parceria com o VJ Soave. 

Durante todos os dias, após as exibições audiovisuais, serão realizados bate-papos  com os artistas participantes do festival, sobre diversos temas da atualidade. Toda a programação poderá ser assistida pelo canal do Youtube do Centro Cultural Vale Maranhão (www.youtube.com/centroculturalvalemaranhao)

Serviço

O quê: Indígenas.BR – Festival de Músicas Indígenas

Quando: 04 a 12 de setembro de 2021

Onde: Pelo Youtube do Centro Cultural Vale Maranhão – www.youtube.com/centroculturalvalemaranhao

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