domingo, 9 de maio de 2021

Dia 9 de Maio.

 


Mãe, guerreira, vitoriosa. Uma boa história para o Dia Internacional da Mulher.



No Dia Internacional da Mulher, boas histórias são sempre bem vindas. Ainda mais quando se trata de particularidades de personalidades que ajudaram o universo feminino a ter o devido reconhecimento de igualdade como tem hoje. Por outro lado, existem as heroínas anônimas, aquelas que merecem ter suas lutas contadas e admiradas. A mineira Maria do Rosário Martins é uma delas, veja por quê.


Todos os anos, quando chega o dia 8 de março, as páginas de jornais e os programas de rádio e televisão, por exemplo, trazem uma série de matérias sobre a conquista da mulher ao longo dos séculos. São histórias recheadas de emoção, dedicação, afeto e muita batalha para que o mundo feminino tivesse o reconhecimento como tem hoje.

Uma das tônicas destas reportagens em comum é mostrar a vida e o legado de mulheres “guerreiras”, de diversos segmentos: saúde, política, educação, economia, etc... Geralmente são personalidades que comumente são premiadas por seus feitos e dão depoimentos recheados de lições valiosas.

Mas, existem por aí outras mulheres tão ou mais batalhadoras como aquelas que se tornaram figurinha carimbada da mídia. Heroínas anônimas que fazem a diferença por sua simplicidade e pela (falta de) reconhecimento da sociedade como um todo. São mães, avós, filhas, enfim, são aquelas mulheres que fazem a diferença no meio em que vivem.


Uma delas é a mineira de Itambacuri, Maria do Rosário Martins. Atualmente com 70 anos de idade, ela mora em Marshalltown (EUA). No início dos anos 80, ela era dona de um bar na cidade de Governador Valadares e tinha vida pacata como muitas pessoas como ela. Porém, sua vida virou de pernas para o ar quando descobriu que o filho Denizak tinha câncer de vida. “Meus pais começaram a vender tudo o que tinham para tentar salvar a vida dele, mas como naquela região de Minas o sistema de saúde não oferecia muitos recursos, a única solução naquele momento era ir para São Paulo. Mas não adiantou”, conta a filha da senhora, a empresária Sophia Utnick.

Devastada com a perda do ente querido, tudo que cercava naquela cidade lembrava o filho. Foi quando Maria do Rosário decidiu mudar radicalmente de vida. Partiu para Boston (EUA), onde residiu por muitos anos e teve vários ofícios diferentes. “Ela trabalhou em uma fábrica de chocolate, em um supermercado cortando frutas, fazia faxina em casas e dormia 4 horas por dia”. Além disso, tinha um apartamento de dois quartos, que foi o local onde sua vida teve mais uma mudança, conta a filha.

Num certo dia, ao sair para o trabalho às 4 horas da manhã, Maria do Rosário avistou uma pessoa dormindo em um banco no ponto de ônibus. Considerando que era inverno naquela cidade, ela sentiu um chamado no coração para ajudar. “Foi aí que ela parou para perguntar se podia ajudar de alguma forma, e para surpresa dela era um brasileiro que acabava de chegar do Brasil. A pessoa imigrou pelo México e aquele que iria recebê-lo simplesmente não deu nenhuma assistência, então ele não tinha para onde ir”, detalha Sophia.

Maria do Rosário então levou aquele conterrâneo para sua casa, numa atitude inesperada, afinal, abriu as portas de sua residência para um estranho. Quando perguntava as razões de tal atitude, a resposta era taxativa: “E se fosse um filho meu nesta situação”, relata Sophia.

Foi o início de um acolhimento que se tornou marca registrada daquela senhora. “Desde então vários brasileiros que chegavam à cidade e não tinha lugar para morar recebiam da minha mãe uma ajuda. Ela se tornou uma referência para todos que se encontravam naquela situação. Para se ter uma ideia, teve época que 40 pessoas chegaram a morar dentro do simples apartamento dela. E, além de tudo isso, ela conseguia emprego para todos eles”, destaca Sophia.

Ao mesmo tempo, Maria do Rosário resolveu apostar no seu dote empresarial. Abriu uma companhia de limpeza e levou os demais filhos para os Estados Unidos. Hoje, todos eles se tornaram empresários e formaram suas famílias.

Atualmente, Maria do Rosário está aposentada, mas ainda presta diversos serviços voluntários à comunidade latina-americana. Nos dias de inverno, seu gesto nobre é oferecer carona para quem não tem automóvel próprio para ir ao trabalho. “Aos sábados e domingos, se dedica à cozinha, onde prepara bastante comida para ser distribuída em igrejas”, salienta a filha.

Para o futuro, apenas um desejo: “Ver a casa cheia de bisnetos, porque de netos ela já tem muitos”, diz entre risos a filha Sophia Utnick. E uma lição valiosa que ela tira diante do esforço da mãe, ela faz questão de dizer: “Nunca desista de você e dos seus. Às vezes o mundo é cruel, mas Deus sabe o melhor para nós”.

Maria do Rosário teve pouco estudo (não terminou nem a 4ª série), mas ainda assim é uma vitoriosa, reforça Sophia. “Ela construiu um império gigante. Nem eu, com todas as faculdades que graduei, consegui chegar onde estou sem um conselho dela. O que aprendi sobre negócios e como tratar as pessoas não está publicado em livros, mas sim em um coração cheio de bondade e gratidão”, finaliza

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