sexta-feira, 19 de março de 2021

Entretenimento

 

Texto inédito da atriz e dramaturga Daniela Schitini A Encomenda ou Memória do Mar estreia on-line no dia 20 de março, com direção de Malú Bazán



A peça mostra uma escritora que aceita realizar um texto por encomenda, mesmo sendo avisada que terá seu trabalho boicotado durante toda a sua criação artística. Ainda assim, ela começa a escrever, mas passa a enfrentar uma profunda depressão aliada a transtornos de ansiedade, uma espécie de desintegração de sua identidade e de sua capacidade de realização. O elenco é composto pelas atrizes Mariana MunizDaniela Schitini e pelo ator  Henrique Schafer.



Junto da diretora Malú Bazán (indicada ao prêmio APCA 2018 de direção pelo espetáculo A Fera na Selva) , a encenação também tem a colaboração da videomaker Cassandra Mello para contribuir na criação e adaptação do texto para esse ambiente virtual e essa linguagem, e a figurinista e cenógrafa Anne Cerutti que complementa essa pesquisa cênica/visual. Cada atriz/ator encena a peça na sua casa, com um cenário e figurino criados para esse ambiente virtual. 


Durante a temporada estão previstas: uma roda de conversa online, transmitida gratuitamente numa live. No dia 27 de março o tema é Mulheres e o encontro entre  Psicologia e  Arte, conversa com as convidadas Claudia Barral e Rinalda Duarte, e dia 28 de março a conversa é sobre Mulheres e a Dramaturgia no Teatro , com as convidadas dramaturgas Carla Kinzo e Marina Corazza.


Sobre o desafio de elaborar uma criação teatral para o ambiente virtual, Malú Bázan comenta, "nesse momento tenho tentando me aproximar desse espaço virtual, teatro on-line pesquisando e tentando preservar a questão do encontro. O encontro entre atores (como contra-cenar à distância), o encontro do texto-teatro com o zoom, o encontro nosso com a platéia, por isso tenho tentado sempre pensar em com manter o saguão do teatro vivo, o papo pós-peca e o efêmero e único de uma ção naquele dia, naquela hora, com aquelas pessoas. Além disso, nesse trabalho estamos tentando não perder o teatro mesmo estando flertando com o audio-visual, vamos ver no que vai dar"


Uma artista. Uma encomenda. Uma criança. Um processo de criação, de gestação. A busca por expressão na arte e na vida. A luta para escapar de um predador que existe fora e dentro.  A luta para sair de um círculo de opressões e padrões imperativos. A crise gerada por essa luta: a doença, o medo, a desintegração da identidade e do desejo. A depressão. A busca para encontrar uma possível cura, uma possível casa, uma possível arte. Para reconhecer a si mesma. Para reconhecer o outro. Para dar um testemunho. O contato com a memória e a retomada de uma voz que pode falar e ser ouvida, que pode ser transformada e ser transformadora. A conexão com a ancestralidade. Essas são questões presentes e refletidas no texto.


A relação da mulher com a arte, com a expressão, a ocupação de um lugar ativo e propositivo no mundo, a revisão de sua história pessoal, sua memória, a conexão com a ancestralidade feminina são temas do espetáculo e dos debates propostos.


A peça também tem uma atmosfera onírica, próxima ao delírio, explicitando de forma crua e direta a pressão sofrida pela personagem. Ao mesmo tempo aborda com delicadeza e com poesia temas sensíveis como a saúde mental e a violência psicológica. No texto as personagens não tem nome, podem ser vistas como projeções umas das outras, não tem uma identidade totalmente definida, as fronteiras entre elas são difusas. Essa é uma proposta artística do projeto: borrar, diminuir as fronteiras entre as personagens, entre as linguagens artísticas, entre memória, invenção e realidade, entre opressor e oprimido e assim proporcionar uma reflexão e um olhar sobre a mulher que escape dos esteriótipos que muitas vezes pautam a nossa visão sobre essas questões.


Depoimento da Direção

“A encomenda de um texto ou de um filho? A cobrança de um inquisidor ou de uma sociedade? Uma escritora que gera palavras ou uma mulher/personagem grávida? Um texto sendo escrito, uma vida sonhada, ou um passado recordado?

A Encomenda ou a memória do mar é tudo isso. É um texto delicado, forte, poético, profundamente feminino, cheio de questionamentos atuais e terreno fértil para apostar no jogo dos atores e em uma encenação simples pensada para jogar com essa plataforma on-line que abre espaço para que todas essas perguntas ecoem.”

Malú Bazán


Sinopse

A peça A Encomenda ou a memória do mar traz uma escritora que aceita realizar um texto encomendado, mesmo sendo avisada por seu interlocutor que terá seu trabalho boicotado e será combatida durante toda a sua criação artística. Apesar disso, ela começa a escrever. Mas durante o difícil e hostil processo, ela passa a enfrentar uma profunda depressão aliada a transtornos de ansiedade, uma espécie de despersonalização, de desintegração de sua identidade e de sua capacidade de ação. O texto evolui retratando a sua batalha para superar o surto e terminar a tarefa encomendada. O espetáculo aborda, de forma nada realista, o contato com doenças como a depressão, transtornos de ansiedade e pânico, e também a relação com situações opressivas que promovem a dificuldade de estabelecer um campo de criação e de expressão e a dificuldade de impor limites dentro de relações abusivas.


Sobre a autora

Daniela Schitini é atriz, dramaturga e foi fundadora e integrou o grupo As Graças por 20 anos, tendo se desligado no final do ano de 2015. Mas na sua trajetória dentro do grupo, a dramaturgia sempre foi um foco de pesquisa e de criação nos espetáculos, de busca por uma linguagem própria para o estudo e aprofundamento do exercício de atriz e para a descoberta de uma poética da cena.


No grupo As Graças, Daniela realizou adaptações de textos e roteiros a partir da obra de autores da literatura e também adaptou peças já existentes para a linguagem do teatro de rua. Nos últimos anos passou a se dedicar mais aos processos dramatúrgicos, exercitando a escrita a partir de materiais mais difusos, realizando seus primeiros textos autorais. Nos espetáculos Não Uma Pessoa e Marias da Luz, os textos foram criados respectivamente por Daniela a partir de uma pesquisa sobre a atriz Marilyn Monroe e de depoimentos de frequentadores do Parque da Luz, principalmente das mulheres que trabalham no parque.


Com um interesse e uma dedicação cada vez maiores para os processos dramatúrgicos e uma necessidade de trilhar um caminho de pesquisa nessa área, surge o projeto A Encomenda ou a memória do mar, um texto inédito onde a personagem busca se revisitar, entrar em contato com uma memória enterrada e refletir sobre novas possibilidades de expressão artística e de identidades, de ações e de encontros com o outro e de construções de relações afetivas também através da arte.



Ficha técnica

Texto: Daniela Schitini

Direção: Malú Bazán

Elenco: Mariana Muniz, Daniela Schitini e Henrique Schafer

Direção audiovisual e video maker: Cassandra Mello

Figurinos e adereços: Anne Cerutti

Programação Visual/ material gráfico/eletrônico: Marcio Araújo

Fotos: Rogério Alves

Produção e administração: William Gibson e Daniela Schitini

Realização: Cooperativa Paulista de Teatro

Datas das apresentações: 20, 21, 26, 27, 28, 29 de março às 20hs

Ingressos gratuitos pelo Sympla / Zoom

Classificação etária: 16 anos


Rodas de Conversa-  Projeto A Encomenda ou a Memória do Mar:

Dias 27 e 28 de março, às 17hs

Dia 27 de março: Mulheres e o encontro entre  Psicologia e  Arte, conversa com as convidadas Claudia Barral e Rinalda Duarte

Dia 28 de março:  Mulheres e a Dramaturgia no Teatro , conversa com as convidadas Carla Kinzo e Marina Corazza

Transmissão via youtube live

Sobre as palestrantes:

Claudia Barral (Salvador, 1978) é escritora e psicanalista. Atua em diversos campos da produção literária como dramaturga, roteirista e poetisa. Suas peças de teatro contam com montagens no Brasil e em países como Alemanha, Itália, Portugal, Inglaterra e Peru. Publicações em poesia incluem os livros O Coração da BaleiaPrimavera em Vão. Outras publicações incluem O Cego e o Louco e outros textos  e Cordel do Amor sem Fim.

Carla Kinzo nasceu em São Paulo. É dramaturga, poeta e atriz. Doutora e mestre em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa pela FFLCH/USP, publicou alguns livros, como Satélite (Quelônio, 2019 – II Edital de Publicação de Livros da Cidade de São Paulo), Eslovênia (Megamíni, 2017) e Cinematógrafo (7Letras, 2014).

Rinalda Duarte é Psicanalista, psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica pela PUC/SP, especialista em Teoria, Técnica e Estratégias Especiais em Psicanálise pela USP. Seus atuais temas de pesquisa são arte (mais pontualmente a fotografia) e psicanálise. Atende em consultório.

Marina Corazza é dramaturga, atriz e educadora, mestranda pelo Programa de Mudança Social e Participação Política (EACH/USP) e graduada como bacharel pela ECA/USP. Integra o Grupo de Estudos ECOAR - Estudos em Corpo e Arte (USP). Tem escrito peças teatrais que dialogam com a vida e obra de mulheres escritoras na viragem do século XX, assim nasceram "Alice, retrato de mulher que cozinha ao fundo", "Aproximando-se de A Fera na Selva" (indicado ao prêmio APCA de dramaturgia e direção) e "Um percurso para Orlando e outras canções entre nós". Também é dramaturga de "Fóssil", baseada na Revolução das mulheres curd as em Rojava. Fez parte do Coletivo Concreto e foi e atriz da Companhia Auto-Retrato de 2001 a 2015. Desde 2001 atua como arte-educadora em diferentes projetos públicos, como Fábricas de Cultura, Programa Vocacional Teatro, Iniciação Artística nos CEUS, Casas de Cultura de São Paulo e Diadema. Desde 2015 é educadora do Instituto Equipe Cultura e Cidadania.




 
 

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