sexta-feira, 6 de junho de 2025



Curitiba tem o dobro da média nacional de autistas com diploma.
Professor Sampaio.



Com 33,49% de adultos autistas graduados, Curitiba lidera no ensino
superior, mas segue com desafios de inclusão no trabalho, saúde e
espaços públicos

Curitiba é a segunda capital brasileira com maior proporção de adultos
autistas com ensino superior completo, segundo dados do Censo 2022 do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dos 13.268
curitibanos com mais de 25 anos que declararam ter Transtorno do
Espectro Autista (TEA), 4.444 concluíram a graduação. O número
representa 33,49% do total — mais que o dobro da média nacional, que é
de 15,69%. A capital paranaense fica atrás apenas de Florianópolis (SC),
que lidera o ranking.

Para o professor Sampaio, especialista em inclusão de pessoas
neurodivergentes, os números são positivos, mas não retratam a
complexidade da realidade vivida por essa população. “É preciso entender
que a inclusão de verdade vai além do acesso à educação formal. Trata-se
de garantir que pessoas autistas possam viver plenamente em sociedade,
com apoio, respeito, autonomia e dignidade”, afirma.

Sampaio destaca que o sucesso acadêmico de pessoas com TEA está
frequentemente relacionado à presença de redes de apoio familiares,
adaptações pedagógicas e ambientes acolhedores. “Ainda vivemos em uma
sociedade que espera que a pessoa autista se encaixe em padrões
neurotípicos. A verdadeira inclusão só ocorre quando a sociedade também
se transforma para acolher a diversidade neurológica.”

Apesar dos índices educacionais, pessoas autistas ainda enfrentam
barreiras significativas no mercado de trabalho, no acesso à saúde e em
espaços públicos. “Curitiba mostra que é possível avançar, mas é
necessário garantir que a inclusão continue além da sala de aula. O
diploma, por si só, não garante pertencimento. É preciso oferecer
condições reais de vida digna e participação social”, afirma o
professor.

Sampaio ressalta que a inclusão efetiva passa por ações concretas em
diversas frentes. “Não adianta garantir uma vaga na universidade ou no
emprego se a pessoa autista não tem acesso ao transporte público, se não
é ouvida nas decisões que afetam sua vida ou se continua sendo
invisibilizada em espaços coletivos.” Para ele, políticas públicas
estruturadas, formação continuada para profissionais, acessibilidade
sensorial e comunicacional, e o combate ao capacitismo são pontos-chave
para uma sociedade verdadeiramente inclusiva.

A análise dos dados do IBGE, segundo o professor, deve servir de alerta
e também de estímulo para o fortalecimento de políticas públicas que
valorizem a neurodiversidade. “Inclusão não é caridade nem concessão. É
um direito. E só se realiza quando é construída com escuta, empatia e
compromisso social”, conclui.

Sobre Nilson Sampaio
O especialista trabalha a inclusão por meio da arte e é especialista em
inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista e Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade. Sampaio iniciou sua carreira
artística com apenas 14 anos, contribuindo com diversos veículos de
comunicação do país e lançando diversos livros autorais. É graduado em
Gravura (EMBAP) e em Licenciatura em Artes Visuais (Unespar). Desde
2013, dedica-se à arte para neurodivergentes.

Sampaio possui especialização em Educação Especial e Inclusão, pela
Universidade Federal do Paraná (UFPR), e em Neuroaprendizagem. Além
disso, tem formação continuada no trabalho colaborativo pedagógico para
o TEA na própria UFPR. Para completar, está concluindo uma Certificação
Internacional em Análise do Comportamento QASP-S. Mais informações no
perfil oficial do especialista no Instagram: @oprofessorsampaio

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