terça-feira, 9 de junho de 2020

Artigo

Quem é você na crise?
*Lucia Moyses 
Toda crise leva a uma mudança. Toda crise traz uma oportunidade de crescimento. Toda crise traz a hipótese do aprimoramento. Estamos em crise. Isso é inegável. O mundo está em crise. Isso todo mundo já sabe. O que ninguém ainda sabe é como sairemos dela. Para haver uma mudança, é preciso haver uma revelação. Só mudaremos se descobrirmos como somos e como os outros são. Portanto, sem querer minimizar o sofrimento deste momento, talvez possamos tirar algum lado bom desta situação. Será que existe algum lado bom? Certamente que sim. 

Há uma frase de F. Scott Fitzgerald que diz: “mostre-me um herói e escreverei uma tragédia”. Pensando pelo lado positivo, mostre-me uma tragédia e encontraremos um herói. E muitos heróis estão se revelando neste exato momento. Profissionais da área de saúde, que arriscam suas vidas todos os dias. Policiais, bombeiros e tantos outros servidores que estão nas ruas para nos proteger, ainda que (correndo) sérios riscos de vida. Inúmeros voluntários que poderiam ficar em suas casas protegidos do vírus, estão se dispondo a ajudar os mais necessitados. Claro que tais pessoas sempre existiram, bem como esse comprometimento, mas agora o risco é muito maior e ninguém as criticaria se quisessem tomar um caminho mais fácil e mais seguro. No entanto, o que estamos vendo são atos de heroísmo, desde os mais simples até os mais arriscados. Os mais pessimistas passam o dia a reclamar, queixando-se de tudo, agarrando-se às notícias ruins, às tragédias, a tudo aquilo que confirme que eles estão certos em seu negativismo. Os mais otimistas acreditam que tudo irá terminar rápido e não haverá sequelas. Entre um e outro extremo há aqueles que sabem que o mundo nunca mais será o mesmo, mas, isso não significa um mundo pior. Muito pelo contrário. Tudo depende de nós. Quem é você nesta crise? Quem você quer ser nesta crise? As pessoas se revelam nos momentos difíceis. Nos momentos fáceis, é fácil sorrir, ser cordial, simpático, otimista. Nos momentos fáceis, é fácil oferecer ajuda, mostrar-se solidário, vestir-se com capas de bondade e valentia. Mas nos momentos difíceis, a máscara cai e cada um se mostra como realmente é. Triste? Sim. Irremediável? Não. Uma qualidade inegável que o ser humano tem é sua capacidade de mudança. Podemos mudar todos os dias, se quisermos e nos dispusermos a tentar.
Quem você quer ser nesta crise? O herói ou o covarde? Esta é a hora das mudanças. Agora é a hora de descobrirmos nossa humanidade, nossa bondade, nossa disposição para ajudar. É a hora de crescer, de evoluir, de se olhar no espelho com orgulho, com altivez. Você pode ajudar alguém financeiramente, por pouco que seja? Alguém que, na crise, está desempregado ou impossibilitado de trabalhar? Ajude. Você pode ligar para alguém que está sozinho e com medo, para conversar e dar seu apoio? Ligue. Você pode ensinar alguma coisa “online” para quem não sabe o que fazer e está cansado de ficar o dia todo em casa? Ensine. Você pode entreter as pessoas com danças, cantos, shows, qualquer coisa que as faça rir e se divertir? Entretenha. Somos seres criativos. Usemos a criatividade para tornar a quarentena mais agradável para nós e para os outros. O ser humano é essencialmente bom e ainda que haja algumas ervas daninhas, a maior parte do nosso jardim é composto de flores. Há muitas pessoas sofrendo e não há como minimizar seu sofrimento. Há muitas pessoas morrendo e não há como não se compadecer com as vítimas e seus familiares. Mas de tudo se pode tirar uma lição. Qual será a sua lição? Pais que pouco conviviam com os filhos, agora estão convivendo demais. Sentirão falta dessa proximidade quando a quarentena acabar ou suspirarão de alívio? Casais que mal se viam durante a semana, agora estão se vendo o dia inteiro. Sairão da quarentena com o relacionamento fortalecido ou pedirão o divórcio? Pessoas que estão sozinhas e talvez, pela primeira vez na vida, com tempo para refletir e se conhecer, sairão desta quarentena uma nova pessoa, ou continuarão a se esconder em sua mesmice? 
Trabalhadores que estão desempregados ou impossibilitados de trabalhar aprenderão a cozinhar para vender? Farão cursos ‘online’ e talvez descobrirão outra vocação? Ou ficarão em casa o tempo todo reclamando em frente à televisão? As pessoas lerão mais? Aprenderão coisas novas? Serão criativas? Terão a oportunidade de ajudar alguém? São tempos difíceis. São tempos de dor e sofrimento para todo mundo. Mas temos duas opções: deixamos o sofrimento e o medo nos afundar até cairmos em depressão, baixando tanto a nossa imunidade de forma que possamos ser mais uma vítima do vírus, ou erguemos a cabeça e procuramos formas de lutar e vencer nesta guerra que ninguém escolheu, mas que todos, inevitavelmente, tomamos parte. São tempos difíceis, mas o pessimismo, o alarmismo e a reclamação baixam nossa imunidade, enquanto o riso, o otimismo e o prazer, aumentam. Quem é você nesta crise? Como você sairá desta crise? A escolha é sua.

Lucia Moyses é psicóloga, neuropsicóloga e escritora
Natural de São Paulo, Lucia teve sua primeira formação em análise de sistemas pela FATEC (Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo), complementando os seus estudos com curso de pós-graduação na UNICAMP (Universidade de Campinas). Atuou nessa área por mais de 20 anos e foi convidada para ser coautora em uma obra da IBM, em sua sede nos Estados Unidos. Administrou cursos e palestras, inclusive para pessoas com necessidades especiais.
A partir desta experiência, a escritora se interessou pela área de humanas. Foi então que decidiu seguir a carreira de Psicóloga, concluindo o bacharelado na FMU (Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas) e, logo depois, se especializando em Neuropsicologia e Reabilitação Cognitiva pelo (INESP) - Instituto Nacional de Ensino Superior e Pesquisa.
Em 2013, a autora lançou seu primeiro livro “Você Me Conhece?” e dois anos depois o livro “E Viveram Felizes Para Sempre”, ambos com um enfoque em relacionamentos humanos e psicologia.
Três anos após a especialização em Neuropsicologia, Lucia lançou os três primeiros livros: “Por Todo Infinito”, “Só por Cima do Meu Cadáver” e “Uma Dose Fatal”, da coleção DeZequilíbrios. Composta por dez livros independentes entre si, a coleção explora a mente humana e os relacionamentos pessoais. Cada volume conta um drama diferente, envolvendo um distúrbio psiquiátrico, tendo como elo o entrelaçamento da vida da personagem principal.
Agora em 2018, a psicóloga lança mais três livros: “A Mulher do Vestido Azul”, “Não Me Toque” e “Um Copo de Veneno”, totalizando seis livros da coleção.

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