segunda-feira, 24 de junho de 2019

Literatura Atual

Imigração e ruínas em literatura intensa e original 

Em Baal, Betty Milan convida os leitores a mergulharem em um drama sobre imigração e desenraizamento da cultura oriental vivida pelos imigrantes e faz uma dura crítica à sociedade em relação ao preconceito e ganância.
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Baal
Betty Milan

224 páginas
R$ 49,90
Editora Record|Grupo Editorial Record



 Lançamento é nesta terça, 25, na Livraria da Travessa do Leblon, às 19h. Antes dos autógrafos, a autora fará um debate com o escritor Deonísio da Silva e o psicanalista Marco Antonio Coutinho Jorge



                                         
                                                          
Baal, publicado pela Editora Record, é uma história familiar, escrita pela paulistana, psicanalista e autora de O País da Bola,Betty Milan. A narrativa póstuma é do protagonista Omar, vindo do Oriente Médio, que constrói um marco de sua cultura no Brasil, até que o dinheiro corrompe os seus descendentes.

Após atravessar um oceano para fugir da guerra, o patriarca enfrenta no Novo Mundo dramas muito piores do que os dias em alto mar. Ele inicia uma jornada de preconceito, desvalorização e uma nova profissão, a mascatagem, além de ver novamente eclodir a guerra, só que agora no seio da própria família.

O panorama descrito pela renomada escritora é visceral, o homem que chega de outro país determinado a conquistar a própria fortuna, contrariou todas as estatísticas e conseguiu. Constrói sua vida, sua família e seu templo, uma joia do Oriente no Ocidente, para sua filha única, Aixa, e a família dela.

Após a morte de Omar e a chegada dos seus netos à vida adulta, o mundo perfeito começa a ruir, assim como Baal, uma obra prima, sua casa e refúgio de tantos compatriotas do Oriente. É nesse momento que a escritora coloca todos os sentimentos do falecido em relação ao descarte dos netos de sua ancestralidade.

O patriarca morreu sem descansar em paz por causa dos conflitos familiares e vê a guerra do país natal se repetir no país da imigração. Pervertidos pelo dinheiro e com medo do empobrecimento, os netos resolvem demolir Baal para vender só o terreno e fazer do palácio um negócio mais rentável. Tiram a mãe, Aixa, já idosa do lugar onde ela sempre morou e a transferem com a fiel servidora e o cachorro para um cubículo.

Apesar de toda a decepção que seus netos lhe causaram, este desabamento de seu passado lhe trouxe a culpa por não lhes ter ensinado a importância da cultura ancestral e, também, do preconceito que não o deixou fazer de sua filha a sucessora.

Esta é uma obra sobre as lutas, o suor e o trabalho dos imigrantes. Sobre preconceito das próprias raízes. Sobre a falta de gratidão aos antepassados. Baal mostra que a memória é a condição da paz e rememorar é um dever.

O homem imigra desde sempre. Mas a história subjetiva da imigração é pouco conhecida. Quais as consequências do desenraizamento? O que significa ser o estrangeiro?

Sobre a autora: Betty Milan é paulista. Autora de romances, ensaios, crônicas e peças de teatro. Além de publicadas no Brasil, suas obras também circulam com selos de França, Espanha, Portugal, Argentina e China. Colaborou nos principais jornais brasileiros e foi colunista da Folha de S. Paulo e da Veja. Trabalhou para o Parlamento Internacional dos Escritores, sediado em Estrasburgo, na França. Em 1998 e 2015 foi convidada de honra do Salão do Livro em Paris. Em 2014, representou a literatura brasileira contemporânea na Feira Internacional do Livro de Miami (EUA). Em 2018 foi convidada por universidades americanas para falar sobre a diáspora, tema sobre o qual ela se debruçou na sua obra literária. Antes de se tornar escritora, formou-se em Medicina pela Universidade de São Paulo e especializou-se em Psicanálise na França com Jacques Lacan.

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