domingo, 4 de novembro de 2018

Contemporaneidade.




Marcelo Salum fala sobre as escolhas das obras de arte na sua sala Kidron
 
 
 
Ambiente projetado para a CasaCor Santa Catarina retrata a arquitetura nômade no consultório de um médico terapeuta que recebe pacientes para conversas de aprendizado. Obras de arte potencializam a narrativa criada pelo arquiteto Marcelo Salum na mostra catarinense, aberta até 25 de novembro, em Florianópolis
Mapa Mundi do artista mineiro Juliano Aguiar
 
Arquitetura nômade inspirou a criação da Sala Kidron, assinada pelo arquiteto Marcelo Salum nesta edição da CasaCor Santa Catarina. Salum mirou para o vai e vem do deserto, das caravanas que atravessam os montes de areia, a paleta de cores e movimento da própria natureza, em constante reinvenção de paisagem. Dedicou o ambiente para um personagem específico, médico terapeuta que recebe pacientes e amigos para conversas de aprendizado e questões da alma.  
 
"Foi uma mescla entre a arquitetura nômade e o personagem criado, um médico terapeuta, que norteou a composição do ambiente, a seleção de materiais, dos artistas envolvidos e suas obras expostas. Revelar ali, como ambiente de visitação, qual o personagem que ocupa esta sala", conta o arquiteto. 
 
Da curadoria de arte, que contou com a ajuda da galerista Helena Fretta, Marcelo assume como ponto inicial da composição a obra "Mapa Mundi" do artista mineiro Juliano Aguiar, desenhada especialmente para o ambiente. "O interessante é que o visitante perceba-se como parte do mundo, quebrando essa fronteira local, ainda mais hoje em dia diluída com a dimensão digital. Podemos ter acesso a qualquer lugar do mundo, isso abre novas percepções, mesmo que não seja uma viagem no território físico, os meios de comunicação nos permitem esse escape", complementa.
Obra de Renato Dib
 
O trabalho de Renato Dib estava há um bom tempo no radar do arquiteto. As esculturas em  tecidos expostas num canto especial da sala, não estão ali por acaso. Marcelo faz relação com o comportamento dos nômades no deserto, que caçam presas para se alimentar e aproveitam todo o animal - da carne a pele - sem desperdício. Já o quadro de Walmor Corrêa diz mais sobre o personagem, o médico terapeuta. 
 
Obra de Walmor Corrêa
"Walmor trabalha com o hibridismo nesta obra, uma criatura metade cabra e outra avestruz. Para mim traz a questão do próprio ser humano, que se transforma, se molda em resposta a toda uma sociedade. E também revela a força que temos que ter para mantermos quem somos na essência. Para mim toca nesse ponto", explica.
Esculturas em coração de Fernando Bertolini
 
Os corações da ceramista Sara Ramos foram uma escolha simbólica e reforçam sobre a  utilidade do espaço. "O coração é conhecido por guardar segredos, aqui eles fazem relação com a história da terapia". Assim como as esculturas em coração do artista Fernando Bertolini sustentadas por bases em cedro (kidron em árabe), nome da madeira que estampa a bandeira do Líbano. E ainda a caligrafia árabe cúfico nos quadros de Lilian Mansur 
Os corações da artista visual e ceramista Sara Ramos 
A fotografia de Yuri Seródio traz a estética e a paleta de cores desejada. E a obra de Ilca Barcelos, posicionada bem em frente ao braseiro na mesa de centro, representa a história do fogo, uma conversa proposta pelo arquiteto sobre a importância da luz, do manter-se aquecido, ou mesmo para o preparo de alimentos no contexto da cultura nômade.
Fotografia (à esquerda) de Yuri Seródio e caligrafia de Lilian Mansur e à direita escultura de Ilca Barcelos.
SERVIÇO
O QUE: CASACOR Santa Catarina / Florianópolis 2018
QUANDO: 14 de outubro a 25 de novembro
Terça a Sexta, das 15h às 21h
Sábado, das 13h às 21h 
Domingo, das 13h às 19h
INGRESSOS: Inteira, R$ 40 /Meia, R$ 20  /Passaporte, R$ 100

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